16.9.09

por detrás das pálpebras

foto: Virgínia Pinhão (www.olhares.com)

Dublin era o destino escolhido para sonhar. Comprei o sonho em site low-cost adequado. Imaginei-me a voar em céus multicolores de prazeres e beijos. Voei para o sonho sem qualquer engano na digitalização das opções e escolhi prioridade máxima. Queria sonhar bem depressa, não queria esperas longas, desnecessárias, violentas que me fizessem acordar mesmo antes de te abraçar. À hora agendada, fechei os olhos e conforme as instruções, escritas em várias línguas, desenhei por detrás das pálpebras nossos corpos desnudados, entrelaçados em entregas perfeitas, simples, excitantes. Toquei-te com os meus dedos de sonhar, fazendo arrepiar a tua púbis curtinha que ofegava na minha pele. Os teus lábios sensuais, preencheram os meus, em beijos vestidos de batom encarnado, que nunca te vi usar. Senti o mentol da tua língua, refrescando por inteiro a minha boca. Sabes, não sei se te disse escrevendo, que gosto de senti-la. Gosto de possui-la com beijos gostosos, sugando-a como criança gulosa em torno do seu doce preferido. Gosto de te abraçar, contigo de costas, enchendo as minhas mãos com teus seios de volúpia. Gosto quando me fazes encaixar em ti, quando o meu sexo fica cravado entre as tuas nádegas e o faço crescer em movimentos que acompanham os passeios dos meus dedos no teu corpo. Gosto de te beijar o pescoço com os restos de sabor a menta. Percorro-te as orelhas, mordisco-te e liberto as palavras que sempre te deixam inundada em torrentes quentes de prazer. Sei-as de cor, digo-as em paixão e sinto-as escorrendo em ti, em orvalhos provocantes do amanhecer dos sentidos. Mantenho os olhos bem fechados e sinto-me a sonhar dentro de ti num abraço suspenso, parado, quase irreal… Vejo-me, vendo-nos, como que se simultaneamente fosse possível possuir-te e ver-te possuída Vejo-te nua plena de orgasmos. Vejo-te em gemidos longos, não os ouço. Os movimentos dos teus lábios projectam os sons que imagino. Por detrás das pálpebras, os espasmos do teu corpo sacudindo o meu, deixam marcas de alma, para não mais acordar. Excito-me ao ver-te assim, excitada, numa entrega perfeita de corpos entrelaçados que à hora combinada eu acabei por sonhar. Dublin era o destino onde não cheguei a aterrar…

1 comentário:

  1. Anónimo16.9.09

    Por detrás das pálpebras eu imaginei-te(me) nesta viagem a cujo destino não chegaste.

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