30.1.10

avisaste...


Avisaste que havia uma surpresa. Que irias soltar a alma, enganar a consciência e deixar o corpo à solta. Corpo libertino, libertando perfumes de sexo. Corpo finalmente libertado de moralismos que se acumularam anos e anos nas gavetas duma educação que coleccionaste dentro de ti. Avisaste que chegavas e não chegavas. Que eras tu e não eras, apresentando uma dualidade de menina inocente e mulher sabida. Avisaste do teu cabelo “marron” que logo imaginei beijando os teus ombros nus, excitados pelas ondas que trazias num caminhar de tacões e botas altas, pretas, com cheiro a couro. Senti-o logo quando o soletraste pousadamente em lábios vermelhos, quase “marron”. Cheiro a couro, daquele que nos assalta os sentidos e nos tortura a alma, quando desenhado, colado até aos joelhos de umas pernas longas, que apetecem percorrer. Meias pretas, transparentes, marcadas por pétalas espalhadas em rendilhados de pele, provocando os sentidos que recuperavam ainda de um coma provocado pela tua voz em aviso antecipado. Ligas pretas que te agarravam. Corpete apertado, que te transporta num negro estonteante sustendo teus seios brancos de Inverno. Sim, tu avisaste que trazias tudo, carregavas fetiches que estavam arrumados, empoeirados, perfumados com cheiros intensos de vontades. Avisaste do chicote, tiras de couro, com cheiro a couro, complementando os fetiches que tinhas em ti para soltar. O cabo que usarias como brinquedo, satisfazendo-te, em viagens repetidas, cadenciadas, dentro de ti. Avisaste que o trazias, decorando o teu fetiche, compondo o negro das botas e com tiras enroladas em pulseira sensual. Avisaste que chegavas sem avisar e te sentarias no sofá de couro, em provocação para eu te ver. Pernas com botas e meias, tudo negro, pousadas nos braços do cadeirão que te acolhia envergonhado. Pernas lindas, afastadas, em prolongamento bi-direccional do sexo que te desejo. E eu ali olhando-te, transportado magicamente para os fetiches teus. Ouvindo-te gemer e sorrir, sorrir e gemer, enquanto as tiras desenroladas do chicote deslizavam, couro com couro, no sofá daquele quarto, em viagens repetidas, cadenciadas como as que transportavas, sorrindo, para dentro de ti. Tu avisaste

22.1.10

sentado nas tuas nádegas

Perco-me nas tuas sardas quando te encontro nua, deitada na minha cama. Conto-as com beijos às dezenas que espalho, começando nos teus ombros. O teu cabelo claro, enrola-se com doçura nas pintinhas de canela e estende-se quase até à cintura que encima um rabo perfeito, curvilíneo, que me enche de vontades. As palmas das minhas mãos, suam de desejos da tua pele e clamam por te tocar. Ouso pousá-las em ti, ouso deslizar nas descidas do teu corpo, contornando pintinhas de canela em costas que não paro de tocar. Arrisco subidas das tuas nádegas que, alpinista de prazeres, eu pretendo conquistar. Fechas os olhos e murmuras palavras doces que apanho para te massajar. Escorro mel em ti, detenho-me nas tuas coxas, sem pintinhas de canela, observo-as emaranhado em sentidos de prazer. Gosto de te beijar as covinhas dos joelhos, sem contares. Misturo-te cócegas com saliva, e tu sorris, estremecendo. Gosto de te beijar os pés, sentado nas tuas nádegas. Em ângulo recto de pernas, ofereces-me um de cada vez . Agarro-os a duas mãos fortes, e brinco com os teus dedos descobrindo um a um os pontos dos teus desejos, gemidos, murmurados, pedidos. As fuas palavras dengosas excitam-me, e partem para escritas belas que tatuam o meu corpo. Lambem os pontos dos meus desejos, enrolam-se no meu sexo pousado na linha cavada que te separa as pernas. Alinha-se numa erecção que cobiças, e também ele vai deslizando impelido pelas ondas que provocas. Maré brava, maré cheia, maré que nos leva, que nos traz em excitações de espuma onde queremos mergulhar. Sentado nas tuas nádegas, afasto-te as pernas levantadas em ângulo recto, vejo o teu sexo já molhado e liberto o meu da tortura de um adiamento. Sorris, com a liberdade quente que chega apressada aos teus lábios, sorris ao te sentires pontualmente banhada e abres-te para mim para receberes as ultimas gotas que te ofereço, sentado nas tuas nádegas.

15.1.10

voo quase vazio

Um encontro fortuito de olhares, uma troca de um sorriso, um avião quase vazio, fizeram-me conhecer Natasha. Natasha e Aliona viajavam num voo quase vazio, como eu. Vazio era o voo, vazio era o estado que me enchia a alma e me fazia a pele sedenta de um beijo. Natasha e Aliona entretinham-se com sorrisos quentes e dedos bonitos, entrelaçados. Dedos que se separavam de quando em vez para um carinho, um toque de cabelo, uma festa na face, um escorregar destemido debaixo de uma saia curta, que me provocava. Fila 25, assento A, era o lugar onde distraidamente me sentava, num voo quase vazio, lugar com vista para o sonho. Lugar que permitia, por um espaço estreito, entre bancos, ver Natasha, ver Aliona, lugares B e C, fila 24, sabendo que elas também me viam. Ali estavam aninhadas uma na outra, trocando desejos, enchendo vazios de um voo quase vazio, aquecendo os corpos, por fora e por dentro. Deitada sobre o colo de Natasha, Aliona deixava-se acender, por mãos que decididamente caminhavam sob a blusa com linhas de primavera. Mãos de fogo, mãos de mel que conhecendo caminhos, sabiam de cor seus destinos. Um respirar mais intenso, um passar de língua sob os lábios, sinalizam a chegada e anunciam dedos beliscando mamilos hirtos que sobressaem no tecido amarrotado, com linhas interrompidas de primavera. Mãos sábias e famintas contornam seios cheios, colhendo flores em molhos de arrepios. Sorriem, provocam, brincam com os meus sentidos, e em pequenos segundos suspensos em minutos infinitos, oferecem ao meu olhar, fragmentos dos seus corpos bem cuidados, brancos, de pele sedosa, ardentes (por certo) ao tocar. Num momento de mais ousadia, adivinhei os dedos esguios de Natasha afagando docemente a doce vulva de Aliona. Vi-as provar sabores escorrentes em dedos longos, entrelaçados, molhados, que partilhavam em fogosas danças de línguas salivantes. Por entre bancos, Natasha estende-me uma mão, sorrindo. Provo seus dedos, beijo-os um a um, e sinto nos lábios orgasmos como se fossem meus. Por entre bancos, naquele voo quase vazio, sorriem, provocam, brincam com meus sentidos, entregam-se uma à outra, entrelaçam-se e fazem-me aterrar com um épico estremecer, num aeroporto qualquer.

1.1.10

naquele Natal


Naquele Natal dei-te a minha vontade embrulhada em papel de sonho, brilhante, com um laço a condizer. Tinha imaginado tudo, tinha inventado brincadeiras, tinha sentido o cheiro quente do desejo que embrulhei lentamente em imagens tuas. Naquele Natal ofereci-te chocolate. Eram três: de leite, branco e negro. Naquele Natal ofereci-te calor para os derreteres e desejei fondue a dois, com frutas em pedacinhos e lingerie vermelha. Escolhemos beijos de ananás e morangos, e acendemos velas de baunilha no quarto. O chocolate branco foi o primeiro. O contraste com os morangos encheu sentidos e o perfume doce foi deixando rasto na tua pele. Provei-o com os dedos, excitando-te. Trocamos morangos pintados de chocolate, em bocas adoçadas e quentes. Aproximamos corpos e senti as tuas luvas rendilhadas de vermelho no meu peito. Os teus beijos escorriam pelo meu corpo deixando-me docemente perdido. Planeado para segundo, o chocolate de leite foi derretendo enquanto a tua língua ia brincando com os seios entretanto descobertos. Colocaste dois cubinhos de ananás sobre os mamilos que devorei gostosamente, saboreando uma acidez que atenuou os sentidos. Com o chocolate de leite já derretido, temperamos o ananás dando-lhe cor e sabor que espalhamos pelos corpos, em linhas quentes que nos excitavam. Já despida mas de saltos altos, nuns sapatos vermelhos que sobressaíam na alvura dos lençóis, encontrei um a um os pedaços de fruta vestidos de chocolate, pousados na tua pele despida de vermelho. Beijo a beijo, recolhi-os na minha boca. Dedo a dedo, percorri o labirinto de ananás que desenhaste para mim. Fui à procura do fim da estrada e encontrei a entrada do teu ser. Naquele Natal, entrei dentro de ti, usando o sexo mas chegando com a alma ao coração. Dentro de ti, saboreei chocolates que me brindaste com a tua língua sensual plena de beijos molhados. Dentro de ti, espalhamos o chocolate negro fervente que nos queimou mansamente a pele, colorindo-nos de cacau amargo que adoçamos com sexo de mel e cheiro a baunilha. Naquele Natal, sujamo-nos, lambemo-nos, sujamo-nos, lambemo-nos, propositadamente, longamente, em cumplicidades de sorrisos lindos, ao som de gargalhadas doces, ao ritmo de movimentos de corpos que deslizavam, com perfumes dos chocolates ferventes que dançavam em fondue, ao ver-te assim nua e exuberante. Dentro de ti, senti-te estremecer três vezes. Foram três orgasmos de chocolate, os que tiveste. Dentro de ti, espalhei a minha vontade embrulhada em papel de sonho e tu retribuíste com gemidos derretidos pelo calor dos nossos corpos. Dentro de ti, adormeci, esperando que tudo acontecesse naquele Natal que imaginei cheio de brincadeiras e cheiros quentes de desejos, espalhados pelo quarto.