8.5.10

beijos


Apeteciam-me os teus beijos. Daqueles sem tempo a contar. Longos, sem nunca deixar de tocar. Daqueles em que as línguas passeiam sem pressas, em abraços, e os lábios como janelas abrem-se em frestas gostosas, deixando elas entrar. Apetecia-me sentir a pontinha da tua língua dançando em pontas na minha. Apetecia-me contar os teus passos na sala da minha boca e os toques dos teus dedos acompanhando em deslizes, o ritmo da nossa dança. Apetecia-me prender-te a língua, sugá-la com muitas carícias, torturá-la com doçura, e depois, em “slow motion”, libertá-la sem castigo, esperando o retorno, para um bailado sentido. Gostava de provar a tua saliva, transportá-la ao coração e com os olhos bem fechados fazia noite o encontro, para sentir por inteiro, o sabor tão cobiçado dos beijos que tens para dar. Depois com muito jeito pedia-te beijos molhados, ensinando-te o caminho há tanto tempo pensado. Pedia-te que descobrisses com dedos da tua mão, a minha já esquecida, de ter por um só instante, uma terna companhia. Gostava que tu viesses cheia de vontade de beijos. Que voltasses delicada, cheia de ideias loucas, de surpresas, excitada, com o corpo em primavera, cheio de prazeres alindados e orgasmos pr’a colher. Apetecia-me sonhar, embalado por teus beijos. Ter-te, lamber-te, beber-te, derreter-te com afagos e dizer-te ao ouvido, que tenho saudades tuas, vontades adormecidas e desejo dos teus beijos.