15.12.09

negro, branco


Gosto de fazer navegar os meus olhos na tua pele escura, sedosa, curvilínea em ondas do meu desejar. És tão chocolate, tão café que não me canso de cheirar. Gosto de te ver caminhar, elegante, ondulante, pisando o soalho quente que geme ao teu passar. Tens uns olhos lindos, amêndoas de árvores visitadas ainda em flor. Tens seios TIRAMISU, coroados com montinhos de canela, a enfeitar. Quando queres, deixas o teu sexo se mostrar. Sexo de chocolate quente, húmido, bom de se beber, óptimo para saciar uma vontade imensa que tenho em o beijar. Vontade de adoçar a minha língua com o teu sabor, em lambidelas fundas, enchendo a boca com lambuzar guloso, fundido, derretido, dentro de ti. Chocolate relaxante, viciante, negro como o teu corpo que derramo docemente em lençóis de seda que te arrepiam, nestas noites frias de Inverno, noites frias de passar. Assim deitada em contraste belo, adoço-te com corpo branco que te trago, que te cobre, te seduz, te prova em fragmentos de pele a brilhar. Ela chega sempre a ti devagar, só para ti, num sorriso de paladar, numa explosiva mistura de sabores que se contemplam, se provam mutuamente, se fundem em jogos de sobremesas, que saboreio sem provar. Vejo-te receber beijos brancos de açúcar que ganha ponto no calor da tua língua. Vejo lábios da mesma cor, línguas da mesma cor, tocando-se em fundos de branco e negro. Vejo jogos de damas em competição, comendo-se em jogadas de prazer, devorando-se em surpresas não pensadas. Vejo mãos brancas percorrendo a tua pele de chocolate, sugando-te a canela que não desliga dos teus seios. Crescem numa boca branca, que te devora mais e mais. O teu sexo em tons de rosa, que abres delicadamente, combinam com a língua do corpo branco que te abraça. Depois, deixas-te penetrar por alvos dedos que brincam dentro de ti em batidos de baunilha. As tuas mãos negras, esguias e lindas, cheiram a café acabado de moer e derretem em nata, a pele branca que percorres com mestria. Gosto dos teus dedos cacau afiando mamilos quase chocolate que coroam seios de claras brancas, em castelos de sonhar. O corpo branco que tocas, que mexes, que exploras sem mapa e que com olhos gulosos, desejas temperar com sorrisos de chocolates que inventas. Os seios que lambes com saliva branca de café. Sexo que beijas com sexo. Corpo branco de leite que se derrete como gelado sob calor dos teus dedos. Baunilha e chocolate, que se entrelaçam em beijos molhados e longos. Corpos sem fronteiras, sem passaportes que viajam em si, por si, dentro de si, partilhando-se em sabores, prazeres e sexo. Corpos que se dão em noites escuras de chocolate negro com branco baunilha de luar.

10.12.09

da janela


Anda, corre p'ra mim. Vem ver a neve que cai, da janela do meu quarto. O frio visto daqui, é algodão doce e branco, como a tua pele despida, que sinto quando adormeço. Vem deitar-te em lençóis frescos que estendi pensando em ti. São brancos, estão saudosos, combinam com os flocos que sorriem na vidraça, quando digo que te vi. Vem, quero os teus seios de mel, adoçando a minha cama. Quero contrastes quentes, excitantes, provocantes, quero pintar com prazeres, a alvura do meu quarto, quero que sintas na pele perfumes frios e quentes. Quero os teus olhos brilhando quando passeio por ti, mesmo que te apaixones pela neve que te vê, assim nua e tão bela, e que a faz derreter, no peitoril da janela. Chega, vem para cá, vem dar-me a tua mão, vem sentir a excitação que enche todo o meu corpo. Chega, leva-me ao céu com beijos, para depois eu cair, em flocos de prazer cobrindo duma só vez a tua pele de desejos. Faço-te Branca de Neve, encontro-te em Cinderela, que hoje disse baixinho que me quer ver com carinho, fazendo amor contigo, espreitando da janela. Abraço-te duma só vez, descobrindo os teus segredos. Prometo beijos molhados, enquanto d’ olhos fechados, adivinhas o caminho onde os deixo em sentinela. Prometo brancos prazeres, reflectidos pela lua, que tendo a neve deitada, espera a luz apagada para se deitar sobre ela. Prometo-te a harmonia tocada pelos meus dedos, que sonham brincar nas coxas que generosamente anunciam os teus lábios transbordados, abertos de par em par, para te poder amar. Deixam-me entrar em ti, e um vento com gemido, que fazes chegar a mim, balança-me, faz-me excitar, apressando espessamente, orgasmo quente e sentido, em corpo que se quer dar. Fica, deixa-te cair aqui, mesmo que não seja Inverno. Derrete-te sobre o meu corpo nas quatro estacões do ano. Inunda-me todos os dias, molha-me de chuvas de amor. Quero sentir-te escorrer, lânguida e sem pudor. Quero te ter aqui, mesmo que a neve se ausente, da janela do meu quarto embaciada pelo tempo, que distraído, perdi. Mesmo que não apareça, sorrindo envergonhada, procurando apaixonada, e perguntando por ti.

4.12.09

adormeço

foto Jason James (http://www.olhares.com/)

Adormeço. Num Inverno que tarda em chegar, numa ausência de neve que desejo ver ao acordar. Adormeço, esperando por ti. Esperando que apareças em sussurros de brisa matizada pelo mar. Pele salgada por oceano que separa corpos mas encurta vontades de tocar. É assim quando adormeço e logo vejo os teus lábios a chegar, carregados de beijos molhados que me fazem transbordar. Sinto-os sobre o meu corpo, todo, passeiam-se em liberdade consentida, condicional, por uma noite. Vêm a casa, em precária, abandonam as grades onde conspiram cada encontro, do outro lado do mar. Chegam intensamente intensos, em catadupa. Depois, as tuas mãos, chegam em timidez disfarçada, em vontade arrepiada de deslizar, por mim, por ti, por peles em sintonia, por arrepios incontrolados que nos fazem suspirar. Entregas-te, enrolas-te em mim, como ondas do mar que trazes nos teus cabelos e que acabo de cheirar. Dás-me o teu sexo a beijar, tão doce tão excitante, que quase me faz acordar. Demoro-me em carícias, procurando sinais teus que me façam aprender o teu gostar. Cada prega, cada ponto, cada sabor que libertas, decoro atentamente, guardo cuidadosamente, no meu sonho que me obrigo sempre a passar. Sinto-te em mim, colada, salgada de suor e mar, duma entrega vigorosa quando no espelho do quarto, me vi em ti, penetrar. Gemidos que tanto gosto de te ouvir sussurrar. Palavras cheias de sexo, doces, feias, ordinárias, alagadas de orgasmos, derramados sobre mim, mesmo eu estando a sonhar. Vens assim, sempre que quero, em noites desencontradas, em horas que não conheço, dos sítios onde tu moras. São os desejos que espalho em pensamentos, de dia, e que à noite quando mereço, e adormeço, trazes sorrateiramente em viagens de memória que me fazem transbordar e deixam na minha cama, teu rasto salgado a mar.

28.11.09

vieste para o chá


Vieste para o chá. Pretexto, que inventas quando estás com sede… Chegas de saia curta preta e de meias espessas que realçam curvas que quero contornar em coxas que dá vontade de beijar. Gostas de chá preto sem açúcar, fazendo com que o doce da tua pele me preencha todos os sentidos.
Os teus seios grandes fazem os meus beijos grandes, demorados, de boca cheia e língua com tempos prolongados. Demoro-me nos teus bicos, porque gosto de te ouvir gemer, baixinho. Excita-me o som que os teus lábios deixam escapar em pedaços de erotismo que se misturam com o resto de chá que não tiveste tempo de tomar. Sinto-te molhada com dois dedos que massajo no sexo e provoco-te arrepios quando os meto em ti. Gostas que te beije as mãos. Gosto quando com elas seguras os seios que me ofereces. Gosto de os ver pousados nos teus dedos lânguidos e esguios. Lambo-os, meto-os na boca para os deslizares dentro de ti. Queres que te veja, assim, a brincar, como se não estivesse. Como se não gostasse de beber chá contigo. Finges não me ver e consolas-te docemente, sem açúcar. Os chás entre nós são demorados, bebidos devagar, saboreados, bebericados entre palavras que adoçam os sentidos. Como ao chá, demoras-te a beber-me. Brincas com a língua percorrendo todos os contornos do meu sexo. Em cada encontro trazes novos movimentos que me deixam com os olhos a brilhar. Fitas-me, sorris com olhos de bem-me-quer, boca cheia do meu sexo e repleta de desejo, que escorre sem se ver. Bebes deliciada, as gotas não aguentadas, orvalhadas de chá-pretexto. Bebemo-nos à vez, e também me demoro em ti. Conheço os teus caminhos e provoco os teus sabores que me estremecem na boca, matando-me a sede, saciando-te a vontade que trouxeste. Vieste para o chá. Hoje quiseste que entrasse em ti, sem me veres, de costas, aninhada, oferecendo o teu sexo de lábios carnudos, suculentos. Hoje, pediste-me que fosse fundo, violento, penetrante. Hoje ordenaste-me que te agarrasse o cabelo apanhado e gritaste um orgasmo transbordante que ecoou nas paredes brancas do quarto e fez tilintar as chávenas encaixadas sobre a mesa-de-cabeceira. Hoje inventaste a sede que me deixa em delírio e vieste-(te) para tomar, mais uma vez, chá preto, comigo.

23.11.09

克里斯蒂娜


Os pianistas percorriam ansiosos a Academia, aguardando a performance final. Os idiomas cruzavam-se pelos corredores, em conversas nervosas de circunstância, pontualmente abraçadas pelas últimas notas que voavam de pianos encerrados em salas de ensaio. Sorria, em cumprimentos algo formais, tentando enquadrar-me num ambiente fascinante e pouco habitual. Ela tinha-me sido apresentada na véspera. 克里斯蒂娜 era a minha favorita. Era uma princesa de olhos rasgados que sorria e tocava piano. Não falava português. Tinha um inglês incompreensível mesclado com um sorriso que cobria todo o seu pequeno corpo e terminava em seus dedos esguios que sorriam sobre o piano, sempre que tocava. Ele, encantado, respondia em carícias de Chopin. A sua pele era veludo, iluminado por lua. No colo de seios pequenos, um pequeno diamante com o seu nome, 克里斯蒂娜, brilhava. Brilhava afinado com o sorriso que ela tinha. Era a minha favorita, ganhou com um concerto memorável, sorriu para mim e levou-me, envolvido em melodias sensuais e de sonho. Beijei-a de olhos bem fechados e senti-lhe a língua pequena, provocante, percorrendo-me os sentidos, enchendo-me de desejos. Senti o sorriso de 克里斯蒂娜 nos meus lábios. Senti-a de bicos de pés, pendurada em mim, como notas em última linha de pauta. 克里斯蒂娜 jogava a sua roupa negra com uma lingerie branca, de ligas e corpete. Preto e branco, como teclas que davam vontade de tocar. Em ensaios de sinfonia com vários andamentos, despiu-se para mim, em movimentos graciosos de gueixa, e brilho de princesa. Mamilos lindos, escuros. Púbis densa e negra, pele que ansiava tactear. Sentou-me no banco do piano, sentando-se sobre as teclas e ofereceu-me segredos em charadas para descobrir. Explorei fragmentos doces do seu corpo, encontrando tesouros em detonação crescente. 克里斯蒂娜 era doce, e sorria. Os seus dedos eram doces e sorriam. O seu sexo era doce e sorria quando os meus dedos contagiados por Chopin, ensaiavam uma sinfonia erótica nos seus lábios. Tocamo-nos em gemidos e 克里斯蒂娜 sentou-se em mim, encaixando-se com beijos que nos embalaram, abraçados. Fechei os olhos, voei nos seus braços e senti o coração de 克里斯蒂娜 compassando orgasmos que pousavam ao de leve nas teclas brancas do piano.

14.11.09

estreia


Preparamo-nos em intenso cerimonial erótico imaginando, imaginando, imaginando. A tua lingerie, o vestido afagando-te o corpo, as meias, os sapatos de tacões altíssimos que te colocavam nas estrelas. Cinzento, vários tons de cinzento, vestidos demoradamente, em pormenorizados movimentos que se desenhavam, pintados nos meus olhos. Uma chuva miudinha e fria cheia de silêncios, transportou-nos à estreia. A casa transpirava sexo em cores, luz, cheiros, sabores. Visitámos quartos. Imaginámos. Visitamos recantos. Imaginámos. Sentimos couros, lençóis, toalhas, imaginando. Os corpos de mulheres iam passeando por nós. Tocando-nos. Perfumando o ar que nos aquecia os sentidos. Os homens, parados, com sorrisos nervosos e disfarces nos olhares. A música dançava, dançando com mulheres de rede vestida, seios grandes, mãos que timidamente percorrem corpos, de mulheres, inundados por calores, com plantados arrepios e saborosos suores. Vimos mulheres em beijos arrebatadores, contagiantes. Vi-te desejando. Vi-te imaginando lábios despindo-te de pudores, lambendo-te sombras de vergonhas disfarçadas. Vi-te querendo uma mulher só para ti. Vi-te em danças sentindo o meu sexo desejado pousando-te nas nádegas. Senti-te os seios com os mamilos repletos de desejos. De línguas, de bocas, de dedos em percursos sinuosos. Perto, tocando-nos na pele, enfeitando o nosso olhar vimos corpos sedentos entregando-se. Predominância de corpos femininos entrelaçados salpicados por beijos de homem. Corpos nus, em ondas, iluminados por velas tremuladas, sexos latejantes. Em labirinto de corpos, percorríamos caminhos. Aprendíamos atentos, tudo, à nossa volta. Beijava-te candidamente com lábios ténues, incomensuravelmente pequenos no meio das enxurradas libertinas onde todos navegávamos. Levados por tudo, atiçados por chamas de prazer, tatuados por cenas impressas dentro de nós, entregámo-nos. Gostei da tua boca engolindo com vontade o meu pénis, enchendo-te com empenho, meu e teu. Gostei dos gemidos teus, dos sapatos de tacão não tirados, do soutien cinzento ainda colocado, da textura das tuas meias nas minhas pernas, do teu sexo rapado e desejado aceitando-me por inteiro, enchendo-se todo dos desejos que juntos recolhemos naquela noite de estreia.

6.11.09

olhos vendados


Tinha os olhos vendados e os sentidos apurados, mesmo antes de eles entrarem. Oleou a pele e perfumou o corpo com amêndoas doces. Sentiu os seios nos dedos e imaginou as mãos dos seus amantes. Tocou nos lábios que sorriam no espelho. O erotismo que extravasava tinha inundado o quarto iluminado com velas que deixavam um rasto de fumo a baunilha. Cobriu delicadamente os bocados desejados com lingerie negra, rendada com flores, que por entre as pétalas de não tecido mostravam pedaços de pele sedosa, uns mamilos adivinhando prazeres e um sexo aparado e provocante. Tinha os olhos vendados quando entraram: por pudor, por vergonha, por sedução, ou simples provocação de sentidos que ardiam ao ritmo das chamas trémulas que pareciam lamber-lhe o corpo. Afundada em almofadas, esperava o investir dos sentidos. A quatro mãos foi sendo incendiada lentamente. Diferenciou os toques, as peles, e adivinhou seus perfumes quando inundada por duas línguas que brincavam em círculos de fogo erótico em torno dos mamilos há muito excitados. Gostou das mãos a tocarem-lhe as coxas em aproximações envergonhadas. Sentiu os sexos hirtos beijando-lhe as nádegas. Em êxtase provou alternadamente sabores que a deixaram com vontades húmidas. Tinha os olhos vendados, mas desenhou de memória os contornos dos membros que a presenteavam com recordações marcadas na pele, na alma, nos sentidos. Decorou com a boca texturas, dimensões, linhas e sinais e imaginou-os preenchendo-a em movimentos sincopados e alternados. Brincava de mãos cheias, oleadas, deslizantes e beijava… muito, sugando líquidos fortuitos que em gotas se libertavam, anunciando caudais em enxurrada. De olhos vendados, deixou-se inundar até à última golfada e fazendo batota, contrariando vergonhas dissolvidas em três corpos, levantou ligeiramente a venda e contemplou os anjos que de olhos vendados se afundavam nas suas almofadas.

30.10.09

teu sabor a café


Recebi palavras em mensagem terna, imprevista e desejada. Tinha o teu sabor a café e li os teus olhos azuis por baixo assinados. O Inverno passava já pela cidade conquistando ruas arrepiadas por brisas geladas. Tu ali estavas estoicamente, no banco de jardim combinado, com sabor a quente nos lábios, para te provar. Alcancei-te com os olhos e fiz-te sorrir quando eles quase te pegaram ao colo para te abraçar. Queria tanto ter-te assim como te deste, no teu ar de princesa-menina, olhos de mar distante e cabelos dourados por sol que trazias no coração. Gosto tanto do teu sotaque quando dizes coisas lindas, quando escorres sexo ao falar. Gosto do teu metro e meio em corpo de mulher sensual, quando levemente te encaixas em mim e me deixas que te transporte em sonhos de prazer, por mares sempre navegados, quando te libertas em oceanos da cor dos teus olhos. E assim ficamos tantas vezes, flutuando em prazeres, no sofá da sala com o teu sabor a café partilhado. Como na primeira noite em que fugimos do Inverno, coubemos apertadinhos, de mãos dadas e beijos aos montes que cresciam tanto. Lembro-me bem dos teus beijos, princesa. Curtos, saltitantes nos meus lábios. Lembro-me da pontinha da língua em voos de beija-flor. Lembro como te fui percorrendo com as mãos, como as enchi com os teus seios pequenos, perversos e perfeitos. Sinto ainda, quando fecho os olhos, o teu sexo que conheci ali no sofá, por tacto que molhaste e ousei despi-lo só para o ver. Senti a tua pele branca, na minha coxa encaixada entre as tuas. A tua pele branca combina com café, mesmo em sabor. Lambi-a devagar e deixei-a impregnar a minha alma com a textura dos teus poros acordados, para fazer amor contigo mesmo que não estejas. Assim passo noites contigo, sempre que quero. Deito-te a meu lado mesmo na tua ausência. Entro em ti, mesmo que tu não estejas. Com ou sem ti no sofá, nua, de corpo enroscado no meu. Com ou sem ti, sinto os teus orgasmos prolongados espalhados pela casa, ecoando em paredes brancas como a tua pele, paredes sempre despidas como te vejo, paredes que quando quero faço transpirar o teu sabor a café.

26.10.09

9 princesas

Espiei, autorizado, o teu prazer partilhado, feminino, combinado sempre que a brisa do desejo arribava às praias de areias de erotismo. Eram 9 princesas. Uma, tu, a minha princesa, a que me enchia de vontades só com palavras faladas. Palavras que falavam das aventuras que sem pudores acertavas com 8 princesas lindas como tu. Ali estava eu, autorizado, espiando, intruso no sonho que era teu, fantasma pairando nos teus sentidos. Juntavam-se na Primavera, como flores aos molhos em mãos de namoradas. Nove, era o número, desde sempre, desde as primeiros encontros tímidos, desde os primeiros afagos de pele, desde os primeiros beijos 3 a 3, molhados, abraçados, lábios sentindo lábios, línguas tocando línguas. Nove, “numero da realização total, o maior de todos os números primitivos”. Primitivos instintos que uniam as 9 princesas. “As características de todos os outros algarismos estão contidas no número 9, que poderá desenvolvê-las até ao seu grau máximo. Ele representa 3 vezes o número 3, o que lhe dá também mais uma qualidade: a de transformar a versatilidade do número 3 em inspiração”. 9 princesas inspiradas em sexo, versáteis em despudores. 9 princesas em sorteio inspirado. Sorteio viciado por olhares provocadores, por gestos preliminares que excitam, por dedos ansiosos passeando ao de leve em cabelos soltos. Três grupos de três formados por desejos de corpos nus que se oferecem entre si, em prendas doces, que se comem. Triângulos de corpos em linhas perfeitas, equiláteras, continuas, bocas e sexos em comunhão. Beijos aos montes, daqueles que só princesas sabem dar. Daqueles que se devoram, gulosos. Daqueles que se vendo, se sentem, mesmo espiando. Dedos percorrendo teclados de corpos suados e belos. Mozart acordava-me, e por momentos imaginei aquelas princesas nuas, brancas, deitadas, abraçadas, ondulantes e vibrantes em pianos negros elegantes. Eram também três (http://www.youtube.com/watch?v=jpCkS7X3Oao), os pianos, em andamento primeiro, excitante e alegre.
Gosto de ver os seios das 9 princesas, em beijos de mamilos adocicados por chocolate derretido. Era tradição, as doçuras espalhadas. O inicio do fim. Chocolate morno, que não arrepia, espalhado em corpos que sem membros erectos, foram extasiados por dedos sábios, de mãos ousadas, em penetrações que fazem esquecer homens. Até mim chegou-me o ar que passou pelos corpos desnudados, pelos sexos, pelas bocas, pelas línguas húmidas. Os cheiros de 9 perfumes pintados de chocolate, os sabores adivinhados no desenho de cada sexo. Molhei-me, nas gotas de saliva que espiei pingando nos seios, em grupos de 3, fartos e excitados. Adormeci inebriado por sexo destilado de 9 princesas e só acordei com os teus seios pousados no meu peito e um teu beijo sabendo a chocolate.

A humanidade. O número raiz do presente estado de evolução humana. O número de Adão. O número da iniciação: assinala o fim de uma fase de desenvolvimento espiritual e o início de outra fase superior. As 9 esferas celestes e os 9 espíritos elevados que as governam. O ilimitado. Os 9 orifícios do corpo humano. Os 9 meses da gravidez. O número dos ciclos humanos temporais na Terra.” (http://www.numerologo.com.br/simbologia.htm)

21.10.09

teu perfume

toto: António Louro(http://www.olhares.com/)

Fui encantado pelo teu perfume. Ontem à noite, adormecido de 4 sentidos, tive o quinto a dirigir os movimentos erráticos a que me obrigaste. Fui possuído por ti, usaste o teu perfume e despiste-me de vontade própria, fazendo-me colar aos teus percursos por entre lotes de produtos que descomprometidamente ias fazendo crer que vias. Os olhos também cheiravam, a pele absorvia o ar por onde passavas e simplesmente ouvia os teus passos de tacões finos, em compassos perfumados e eróticos. A elegância da tua postura provocante, ia derramando fragmentos de convites pelo chão onde passavas. Olhavas, por cima do ombro, de soslaio, verificando se os apanhava. Agarrava-os, instintivamente, pelo cheiro, e não largava as sombras que deixavas cair em prateleiras de chocolates e bebidas. Ficavam por lá marcadas justamente o tempo necessário para te encontrar, em cada segundo de atraso daquele jogo de sedução que jogávamos alheios aos olhos que nos viam. Ao dobrar de um movimento, a roupa acariciou-te o corpo, apertando-o para eu o ver. As linhas pousaram nas curvas das tuas ancas e desenharam os contornos dos seios, que logo ali desejei encher de beijos. Percebeste-me, e tocaste-te ao de leve, oferecendo-mos à distância do teu perfume. A intensidade media a minha distância de ti. Cheirava-te perto, não te via. Lembro-me de uma intensidade imensa que me perfumou por dentro, a alma, o sangue, a saudade. Lembro-me do peito a encher-se sofregamente do ar que te tinha afagado a pele, em carícias ofegantes. Adivinhava-te assim nua, em intensidade perfumada máxima e distância reduzida a zero. O teu perfume era total, encantando-me, cegando-me, ocupando-me de prazer. Às escuras, senti-me agarrado por ti, violado pelos teus beijos, tocado por tuas mãos, acariciado por teu perfume, derramado em orgasmo apressado que provocaste em nossos corpos.

18.10.09

80%


Eram flocos de neve que gelavam, com desenhos brancos, a paisagem de pinheiros nórdicos que enfeitavam, agora, a nossa vista. Eram flocos de neve que desenhamos antecipadamente em conversas sedutoras. Eram flocos de neve que lá fora caindo, aqueciam cá dentro, desejos prometidos e lembranças desejadas. Tinhas desejado, prometido estava. A tua pele perdera a tonalidade que o sol te dera, ganhando a tentação da neve que te sorri. Era Inverno e longe. Gosto do destaque ganho pela cor das aréolas coroadas por mamilos arrepiados, reagindo à temperatura que abraçava as árvores despidas de verde, vestidas de noiva. Tu despida de tudo, vestida de encanto, brincavas às escondidas por entre as brumas da sauna que te escorria na pele. Duas gotas condensadas enfeitavam-te os bicos agradecidos e ateavam os sentidos que tinham há muito invadido o espaço quente e húmido. O ponteiro marcava 80% e os bancos corridos de madeira, molhados de vapor, esperavam ansiosos pelo toque da tua pele. Adivinhando-lhes os desejos, ofereceste-lhes as costas e por entre neblinas, beijei-te, toda, escorregando em suores que libertavas. Deslizei em ti, contornando com o peito os declives do teu corpo. Ia adivinhando os caminhos. Percorria-os atentamente, e senti-me perdido no nevoeiro do prazer que emanavas. Cumprindo a tradição, castigava docente a tua pele com toques de ramo de eucalipto, marcando-te com riscos prazenteiros de beijos verdes de folhas. Assim, perfumes soltos entravam-nos na pele, por poros dilatados, relaxados, também eles extasiados por sauna desejada. O ponteiro tremia nos 80% e com todos os seu sentidos, desfrutava-te. Como eu. Provei-te os sabores que libertavas, tacteava-te com mãos cheias: seios, ancas, coxas, sexo. Detive-me no teu sexo, demoradamente, como gosto. Brinco nos contornos das pregas dos teus lábios. Identifico sabores, misturo saliva, encontro o teu orgasmo madrugador em toques circulares de clítoris. Os teus pés nas minhas costas, comandam os movimentos. A tua pressão é transferida com a mesma intensidade pela minha boca, para ti, entre pernas. Sinto as tuas coxas abraçando-me e líquido teu a escorrer entre as tiras de madeira lisa do banco que te suporta. Quero-te despida assim, vestida de névoa, oferecendo-me o sexo acordado por desejos que o molharam. Em suores de sauna, ouvi-te gemendo, quando encostada às paredes de madeira corrida, deixei minhas marcas dentro de ti. O ponteiro desfalecia nos 80% e os bancos corridos de madeira, molhados de vapor e de nós, contemplavam nossos corpos esgotados.

15.10.09

choveram pétalas no teu corpo

foto: Jomane (www.olhares.com)

Esta noite choveram pétalas no teu corpo. O teu sorriso ficou estampado nos lençóis com a tinta dos beijos que me deste. O perfume ainda o sinto na pele que saciaste em deslizes de teu corpo suado de desejo, abraçado de fome, escorrido de sexo. Lembro-me das tuas unhas riscando contrastes. Lembro-as agarradas ao meu sexo em movimentos que pressinto quando imagino o teu sorriso doce. Lembro-me como combinam em perfeição com os teus lábios de morango sugando-o em torturas consentidas. Combinam, sabias? Os teus dedos alongados, os teus beijos sumarentos, o meu sexo…. junto às pétalas que trouxeste e que espalhaste na minha cama. São vermelhas as pétalas que deixaste. Vejo-as espalhadas como fragmentos instantâneos, restos de sorrisos, mãos, sexos em contraponto. Os lençóis cheiram a ti e consigo neles desenhar as posições do teu corpo exposto, em danças sobre o meu. Dançaste em ritmos lentos e frenéticos, cantaste em gemidos de tango e balada. Eu, que não sou de danças, acompanhei-te por instinto, colei-me a ti e deixei a tua pele colar-se em mim ao ritmo dos teus desejos. E assim ficamos em cores vermelhas, entrelaçados, em contornos de um corpo só. Deixaste-me sentir, por dentro, os orgasmos que me/te enlouquecem. Escorreram em mim, saboreando a textura da pele arrepiada. Beijei-te sofregamente e as nossas línguas bailaram acompanhando os orgasmos que sentíamos. Dancei contigo, dancei em ti, em danças vermelhas, quentes, sedutoras, como as pétalas que hoje choveram no teu corpo.

11.10.09

cabelos apanhados

foto: Ricardo Jorge Melo (http://www.olhares.com/)

Gosto quando chegas assim. Cabelos apanhados, pousados sobre os ombros, revelando linhas de pescoço que apetecem beijar. Gosto de ver os teus ombros nus, oferecidos por camisola provocantemente descaída, mostrando pele com résteas se sol de verão expressas em linha branca desenhada por alça de biquini. Caminhas ondulando para mim, deixando rasto excitado pelo chão. Sinto sempre a tua chegada por antecipação perfumada que me invade antes de colocar os meus olhos em ti. Provocas brisa sudoeste no corredor dos sentidos. Brisa que me toca, antes de ti. Brisa que me abraça, preparando caminho para os teus beijos. Brisa que me arrepia em lembranças do teu corpo desnudado em “strip-tease” provocado por “bolero” que imagino. Gosto quando chegas assim, cabelos apanhados, perdida de excitação, perdendo roupa num percurso de prazer que descobres em horas desencontradas. Perdes-te nos fusos nossos, sem saberes se vens para me acordar ou adormecer. Sabes que vens. Só. Para saciar sedes e fomes acumuladas por tempos de nostalgia. Chegas de cabelos apanhados que brilham num dourado intermitente, reflexo da chama de desejo que em mim arde devagar. Ouço o crepitar, misturado com o teu cheiro bom e desejo-te com seis sentidos. Desejo aquilo que desejas. Quero um abraço das tuas pernas, permitindo passeios molhados da minha língua nas tuas coxas. Preciso beber-te nos lábios, águas em cataratas de orgasmo. Queres sentir vertigens de escorrências múltiplas, enquanto te lambo, enquanto lambes os teus seios. Em intervalos curtos, beijamo-nos trocando salivas, apertando-nos, libertando saudades amontoadas em conversas fora(dentro) de horas. Viras-te de costas, e provocas-me, com lábios expostos, ansiosos, latejantes. Senti-os engolindo o alvo do teu desejo. Deslizas em mim, em penetrações e libertações graciosas, saborosas e sentidas. As minhas mãos agarram-te forte, em cintura suada, impelindo-te para profundidades que te fazem gemer. Gosto de ver o teu corpo nesta perspectiva curvilínea, percorro visualmente as tuas linhas, descobrindo sinais de beleza subtil. Percorro mentalmente o caminho que une os teus cabelos apanhados, que agarro, ao meu sexo, que te enche. Puxo-te para mim, com força. Sinto-te voando em prazer pleno e liberto-me de ti, esvaindo-me docemente na entrada do teu sexo. Sorris com o calor que te escorre entre pernas. Sentes o meu calor liquefeito penetrar-te duplamente em prazeres nunca sentidos. Sorris, beijas-me e libertas os teus cabelos apanhados

9.10.09

sempre que a lua anuncia


Sentado na areia numa noite de luar farto, escorrido em prata, observo-TE. Sempre que a lua anuncia, banhas-TE como deusa, em noites de azuis em êxtase. O mar e o céu, abraçam-se, contemplando-TE. Vêem-TE, como eu, brindando o corpo com espuma quente. Vêem -TE, fazendo amor com as ondas que espalham beijos por ti, em jogos de sedução. Tu escondes-TE, mergulhando, sorrindo, fingindo não perceber. Desapareces, por segundos, no negro-azul pintalgado de branco-espuma, e voltas com cabelos dourados por luz prateada de lua cheia, confidente dos meus desejos. A água penetra poros de pele sedosa, salgando as carícias que distribuis pelo corpo molhado de mar. Brincas contigo, brincando comigo, excitando-me. Sabias que ali estava, para TE receber. A lua anunciara. Sentado, esperava, para te banhar. Uma estrada de luz, desenhada por luar de compromisso, trouxe-TE a mim. Gosto de TE ver nua, brilhando em pérolas de gotas de água penduradas no teu colo. Enfeitam seios fartos que desejo. Que espero tocados em pressão, na minha pele. Que sonho na minha boca, impelidos pelas tuas mãos em posições de desejo. A areia excita-se ao teu passar. Abre pegadas de amor, e molha-se ao toque dos teus passos. Fetiche que repete sempre que a lua anuncia. Gosto do roçar das tuas coxas. Gosto do triângulo aparado que coroa os lábios que quero só para mim. Sinto-os com os olhos. Cheios, carnudos, sorrindo, desejosos de beijos e de língua. Sentado espero-TE. Sentado, recebo-TE, lambendo-TE como pedes, sugando-TE devagarinho com vontade prometida. Molhada de mar, de sal e de mim, sentaste-TE, preenchendo-TE com pedaço meu. Em ondas, navego-me em ti, remando na maré que me ofereces. Os teus seios embalam os meus olhos acompanhando os gemidos do mar, excitado. Nele, em espelho, vejo o teu corpo que me engole. Gemes como o mar, baixinho, anunciando maré-cheia, agitada e transbordante. Esperei por ti, esperei o sinal da lua, minha cúmplice, banhei-TE em tsunami de espuma minha, que TE enche na profundidade do corpo que me dás, sempre que a lua anuncia.

7.10.09

salada de sentidos

foto: Amanda Com (http://www.olhares.com/)

Pintei-te hoje de sabores e cores. Apeteceu-me assim, passear-me por gostos espalhados pelo teu corpo nu, servido em salada de sentidos com travo de champanhe francês que fiz escorrer em ti, por caminhos de pele arrepiada. Morangos de estacão acabada, enfeitavam-te em pedaços, gotejando sangue doce. Trincados entre lábios gulosos, partilhados com beijos de línguas ondulantes. Repousavam em prazeres, no corpo fervente de desejo. Fragmentos de frutas menos coloridas beijavam-te o sexo, fazendo destacar lábios rosados, latejantes. Pequenos beijos meus pousavam-te no clítoris acompanhados por bocados de pêra por amadurecer, de aspereza excitante. Servi-me. Devagar. Saboreando-TE, com dedos brincando dentro de ti. Gomos de amor com laranja eram espremidos em rotações de mãos nos teus seios lindos, fartos, excitantes, excitados. Servi-me sem te avisar, sugando o suco que banhava os teus mamilos endurecidos. Em exaltação crescente os cocktails de sabores misturavam-se entre as nossas peles suadas por sumos de frutas quentes, também nossos. Recolheste o teu e deste-me em dois dedos que passeaste na minha boca. Guloso, deliciado, beijei-TE ternamente e agradeci sorrindo. Depois, de cócoras, provaste-me com movimentos doces e delicados, sorvendo gotas que disseste saber a morango. Misturados nos cheiros que nos envolviam, entregamo-nos perdidos, inebriados por salada de sentidos que consumimos escoando tempos em ampulheta de prazer. Fechando os olhos, abandonei-me em ti, deixando-TE os sabores finais que desejaste. Bebeste devagar, sorrindo, daquele jeito que me deixa tão perdido, com vontade de TE ter...

2.10.09

jantar


Ritual da manhã habitual. A leitura das notícias na internet e a consulta dos e-mails, são acompanhadas por cheiros matinais que aconchegam do frio madrugador de Outubro. Café com leite e torradas pairam no ar da casa como fantasmas aromáticos que se preparam na cozinha. Do outro lado do mundo, enquanto dormia, recebi noticias… preparavas o Jantar para mim. O cheiro de coisas boas, apetitosas, envolveram-se com os fantasmas que por aqui andam, abraçando-se em sabores de horários trocados. Jantar e pequeno-almoço trocavam carícias, com contornos de sexo disfarçado… pleno de sexo. Pretendo eu dizer que Jantar, era feminino, ardente, saboroso, de uma volúpia carregada de significado. Jantar estava despida em contornos bem preparados, alindada com temperos de um erotismo que não deixa ninguém indiferente. Chegaste então assim, nesta manhã arrefecida de Outono, “ folha a folha, gota a gota, passo a passo” . Chegaste cheia de odores apetitosos e perfumes de sexo. Chegaste despida e pousaste no meu colo, beijando-me “silenciosa(mente)”, colocando “as tuas palavras na minha boca”. Debruçaste-te sobre o varandim da minha alma, e brincaste docemente com os meus sentidos, excitando-os com toques de pele arrepiada. Sentada em mim, abraçaste-me com tudo. Senti os teus braços em torno do meu pescoço e as tuas pernas cruzadas nas costas empurrando-me para ti. Os teus seios, contra o meu peito, escreviam poemas de amor e sexo com bicos endurecidos. Sentia-te os beijos, vários, molhados, lábios, vários, escorrendo. Fizeste-me crescer, molhando-me. Fizeste-me delirar em cheiros lindos, do outro lado do mundo. Trouxeste as coisas que me excitam e te transformam em musa do meu sexo. Abraçaste-me ao pequeno-almoço, trazendo o teu Jantar. Abraçaste-me forte, com meiguice, como gosto. Apertando-me contra ti, fundindo almas, entrei a teu pedido e bebemo-nos saboreando os sabores que ambos imaginamos.

27.9.09

tatuada

foto: Melqui Zago (www.olhares,com)

Naquele dia senti-te tatuada com beijos de fêmea em cio. Trazias nos lábios os beijos da mulher que te provou, deixando perfume de batom cereja doce. Senti na tua pele os dedos marcados por invisíveis sentidos de prazer. Vi os teus seios satisfeitos por dedos esguios de mulher, sábios no tocar, hábeis no excitar. Percorri os mesmos caminhos recolhendo saberes, captando sinais de pele encostada. Deslizei pelas tuas coxas húmidas de líquidos misturados, escorridos dos beijos cadenciados de sexos femininos em entrega total. Brinquei com os teus lábios ainda salientes de prazer, cheios de sorrisos e cócegas saborosas. Provei-os, lambendo-os em círculos de Saturno, como se fosses Vénus, a minha deusa. Trinquei-te levemente empurrando-te contra mim, forçando os movimentos de dança que as duas ensaiaram momentos antes. Era assim duas, três vezes, por semana… Encontravam-se em fugidas planeadas, naqueles arrumos do escritório, quando já quase toda a gente tinha saído. Ela despia-te dizendo sempre coisas lindas, e às escuras, tatuava-te com a língua, deixando rastos de saliva na tua pele sedosa. Agora, ali comigo, gemias outra vez, em prazeres lembrados e sentidos. Ia no encalço dos rastos dela, dos seus sabores a cereja doce, do perfume a sexo gotejado. Era uma dualidade que te/me completava, te/me preenchia, te/me enfeitiçava. Entregavas-te toda, aos dois, alternadamente em tatuagens de traço livre. Agora, ali comigo, a tua pele arrepiada, recebia as minhas mãos, os teus seios, a minha boca, o teu sexo, dedos vigorosos em penetrações profundas. Possuía-te, às escuras, e vinha-me em ti, tatuando-te de amor a pele macia pintada com beijos de fêmea em cio...

24.9.09

Piazzola

foto: Violeta Teixeira (http://www.olhares.com/)

A chegada atrasada ao concerto permitiu-me passar aconchegado, junto a ti. Cheirei o teu perfume que me pareceu de amêndoa doce, com traços de caramelo quente. Rocei ao de leve nas meias rendilhadas que faziam adivinhar uma pele deslizante ao tocar, e reparei nas botas com tacões finos, pretas, daquelas que acompanham bateres de coração ao caminhar. Tens uns olhos lindos, disse-te sem palavras, esboçando um sentar nervoso na cadeira vazia, providencialmente plantada junto a ti. A orquestra despejava belos sabores que nos envolviam atrevidamente. No intervalo de cada peça, encostavas o teu braço ao meu, e batias palmas suaves e sensuais, que partilhava com músicos. Sorrias, manifestando agrado por mais uma composição de Astor Piazzola, um tango que te fez despir nos meus olhos, revelando seios fartos, uns bicos lindos, centrados em círculos pequenos, cor e sabor caramelo…. Respirava ousadamente o ar dos teus lábios e assim te possuía em brisa quente. Percorria-te transparente, anotando os teus sinais no caderno dos sentidos, pautado, com margem em linha azul, cor de mar entornado nos teus olhos. Mais um aplauso, um tango sentido, um cruzar de brilhos no olhar. Esqueci-me da minha mão pousada no braço partilhado das nossas cadeiras de veludo. Deixei-a para ti, expondo a palma da mão e todas as linhas de futuro que uma cigana desenhou, em ladainhas gravadas em pistas de memória. Cinco linhas, quase paralelas, onde serenamente pousavam as notas de Piazzola, as notas de um “Vuelvo al Sur”, que, como eu, desejavam a pele da tua mão. Sabendo de cor este andamento, timidamente os teus dedos caminharam na minha mão, terminando entrelaçados e suados entre os meus. Puxaste-a para ti e ensinaste-me as estradas das tuas coxas, empurrando-a num movimento apressado contra o teu sexo desnudado e húmido. Toquei-te, em ritmo de “Milonga Sin Palabras” e tu, no último “encore”, escorreste em mim o teu licor de amêndoa doce… Saboreei-te e lembrei-me que estava ali para ouvir Piazzola.

19.9.09

teu, em, como fantasma


Hoje o teu fantasma apareceu-me. Despido excitante, queria fazer amor comigo… Queria pela última vez sentir a fluidez dos sentidos. Sentir os arrepiares das palavras que digo com sotaque. Palavras que sempre que escutavas te escorriam na pele, tocavam-te toda, lambiam-te com prazeres que te deixavam molhada, inundada de mar salpicado entre pernas. Hoje quiseste mais uma vez saborear-me, em teu fantasma. Pegar no meu sexo e em beijos sugados, absorveres cada gota preliminar que guardas na tua língua como uma última recordação de alma. Brincaste com os teus dedos leves, transparentes. Tocaste sinfonias de amor que pareciam sinos entoando cânticos de despedida. O meu pénis erecto como nunca, abandonou-se por completo em ti. Hoje pela última vez, em fantasma, contornaste-o com atenção redobrada para não mais o esquecer. Não podia tocar-te. Via-te, sentia-te, mas quando te queria abraçar, escapavas-te entre meus braços ficando o teu vento na minha pele extasiada… e sorrias pairando sobre mim… nua, com seios salientes baloiçando, tentando-me, lembrando-me as vezes que me perdi em ti. Depois, quando sossegado, pousavas novamente em mim, ondulavas no meu corpo, sentia-te outra vez, sentia a brisa do teu corpo com cheiro a maresia beijando-me por completo. Hoje, como fantasma, deixaste-te penetrar, leve, sem peso, sentada sobre mim. Senti o meu sexo apertado dentro de ti, naquelas brincadeiras que fazias, prendendo-mo, esganando-o no prazer deslizante do teu. Hoje, numa explosão de contornos indescritíveis vim-me em ti, com abundância, dissolvendo vagarosamente em esperma o teu corpo que em sopro esgotado repousa agora para sempre dentro do meu…

16.9.09

por detrás das pálpebras

foto: Virgínia Pinhão (www.olhares.com)

Dublin era o destino escolhido para sonhar. Comprei o sonho em site low-cost adequado. Imaginei-me a voar em céus multicolores de prazeres e beijos. Voei para o sonho sem qualquer engano na digitalização das opções e escolhi prioridade máxima. Queria sonhar bem depressa, não queria esperas longas, desnecessárias, violentas que me fizessem acordar mesmo antes de te abraçar. À hora agendada, fechei os olhos e conforme as instruções, escritas em várias línguas, desenhei por detrás das pálpebras nossos corpos desnudados, entrelaçados em entregas perfeitas, simples, excitantes. Toquei-te com os meus dedos de sonhar, fazendo arrepiar a tua púbis curtinha que ofegava na minha pele. Os teus lábios sensuais, preencheram os meus, em beijos vestidos de batom encarnado, que nunca te vi usar. Senti o mentol da tua língua, refrescando por inteiro a minha boca. Sabes, não sei se te disse escrevendo, que gosto de senti-la. Gosto de possui-la com beijos gostosos, sugando-a como criança gulosa em torno do seu doce preferido. Gosto de te abraçar, contigo de costas, enchendo as minhas mãos com teus seios de volúpia. Gosto quando me fazes encaixar em ti, quando o meu sexo fica cravado entre as tuas nádegas e o faço crescer em movimentos que acompanham os passeios dos meus dedos no teu corpo. Gosto de te beijar o pescoço com os restos de sabor a menta. Percorro-te as orelhas, mordisco-te e liberto as palavras que sempre te deixam inundada em torrentes quentes de prazer. Sei-as de cor, digo-as em paixão e sinto-as escorrendo em ti, em orvalhos provocantes do amanhecer dos sentidos. Mantenho os olhos bem fechados e sinto-me a sonhar dentro de ti num abraço suspenso, parado, quase irreal… Vejo-me, vendo-nos, como que se simultaneamente fosse possível possuir-te e ver-te possuída Vejo-te nua plena de orgasmos. Vejo-te em gemidos longos, não os ouço. Os movimentos dos teus lábios projectam os sons que imagino. Por detrás das pálpebras, os espasmos do teu corpo sacudindo o meu, deixam marcas de alma, para não mais acordar. Excito-me ao ver-te assim, excitada, numa entrega perfeita de corpos entrelaçados que à hora combinada eu acabei por sonhar. Dublin era o destino onde não cheguei a aterrar…

11.9.09

era a tua praia

foto: Quark (www.olhares.com)

Era a tua praia, conforme sempre me dizias. Namoravas com ela em dias de calor, mostrando-lhe o corpo, espreguiçando-te na areia quente, dando-o por inteiro em lânguidos movimentos, em entregas de rituais solares. Ela, agradecida, contornava com ondas desenhadas as tuas linhas curvilíneas, procurando beijar cada pedacinho da tua pele morena. E assim passavas horas infindáveis em amores entrelaçados. Ousavas mesmo em dias de gente escassa, mostrar os seios de mamilos hirtos, fazendo estremecer de prazer, grãos de areia, algas e conchas que te observavam estarrecidos. Por vezes, sentada, observando ondas de mar revolto tocavas-te ao ritmo dos beijos arrebatados da água em rochas apaixonadas. Conhecias bem a força daqueles beijos, a robustez daquela paixão, eras mar também, quando enamorada. Entregavas-te, e cheia de tesão, deixavas-te penetrar fundo, com doce violência, tal qual aquele oceano se rende às rochas fálicas espalhadas pelas margens da tua praia. Naquele amor salgado, a água partida em mil gotas chegava até ti, molhava-te em camarinhas brilhantes, escorrendo devagar pela tua pele acalorada e nua. Os dedos procuravam com frenesim o botão dos prazeres que expunhas ao teu amor. Provavas sabores, trocavas fluidos, deixavas escorrer saliva que misturada com gotas molhadas de sal, acariciavam um clítoris forte e saliente. Transformando-te em mar, ondulavas em orgasmos contínuos e docemente caías em espasmos de prazer, como espuma cansada de tanto (a)mar.

6.9.09

espumas em castelo

foto: Humberto Sousa (http://www.olhares.com/)

A sensação seria a de voar. De estarmos os dois entre nuvens que nos envolviam os corpos escondendo a nudez que adivinhávamos, tocando-nos. Pele com pele. Puro tacto. Às cegas. Como se uma escuridão branca nos tivesse colhido de surpresa, restando-nos o tacto como órgão visual, arrebatado. As tuas coxas eram exploradas docemente por pequenos jactos que saíam da banheira. Massagens invisíveis excitantes, que te deixavam arrepiada. Com inteligência liquida, procuravam atingir com uma precisão estranha, todos aqueles pontos que pouco tempo antes, foram percorridos pela minha língua sedenta de te enfeitiçar. Perdi. Agora, na banheira mágica, tinha concorrência. Uma espuma imaculada ia crescendo em teu redor, envolvendo-te em sensações ternas e fofas. Entrelaçando as minhas pernas nas tuas, vi-te de olhos bem fechados, gozando momentos ainda não sentidos, imaginados talvez, ou vistos por ai em filmes que nos fazem cobiçar. Escondidas entre espumas em castelo, as minhas mãos percorriam-te, procurando destinos tantas vezes visitados. Deslizavam, contornavam, desenhavam, saboreavam submersas as diferentes texturas que me oferecias. Gostei de sentir os lábios do teu sexo abertos, inundados… Empurrando-te para a superfície de água que ameaçava transbordar, segurei-te nas nádegas e lambi devagar a tua vagina linda. Gostei da surpresa. Gostei de sentir os teus pêlos curtos que, molhados, me enchiam de tesão. Os teus pés, como mergulhadores de tentáculos, passeavam-se pelo meu pénis em movimentos envolventes de excitação suprema. Assim preparado, não tardou que, saído das nuvens com cheiro a morango, o introduzisses na boca, num assalto aquático onde a minha resistência se ia dissolvendo aos poucos e poucos, por entre as pequenas ondas, reguladas ao sabor da nossa excitação. Foi bom, demorado, perfeito, o beijo com que engoliste o meu sexo. Cerrando os olhos, absorvi toda a energia de ti, Princesa. Foi bom, demorado, perfeito, quando entrando em ti, debaixo de água, senti-te estremecer sacudindo espumas de prazer que morriam lentamente junto a nós.

27.8.09

por entre as cortinas

Estendida na cama do hotel, voltei a sentir os teus sabores que tanto desejo. Provei-te apressado e sôfrego, ainda com a cama por desfazer e com as cortinas semiabertas. Logo imaginamos que aquele caminho de luz que invadia a nossa privacidade, trazia olhares curiosos, molhados, de alguém habituado a perscrutar janelas de hotel, em busca dos prazeres dos outros. Não demorei muito a despir-te, cobrindo-te de beijos, sentindo-te a pele arrepiada, tentando molhar-me novamente em ti. Como é bom sentir escorrer o teu fluído entre os meus dedos. Uma aragem fresca, corria a abraçar-nos, temperando desejos e sorrindo desprendidamente ao contacto com as nossas peles suadas. Acho que trazia ela própria o reflexo dos olhares prazenteiros de alguém que nos espiava. Isso era excitantemente novo e provocava em nós, artistas de ocasião, uma vontade enorme de não desiludir hipotéticos espectadores, alimentando egos e corpos carentes de sexo.
Senti na tua boca uma grandíssima determinação de saciares meu sexo com beijos, e num ápice, vi-me exposto para ti, entregue às carícias que distribuías por ele, sabiamente. Os movimentos hábeis dos teus dedos deixavam-me perdido. A tua língua, percorrendo “tudo”, colocava-me orbitando em pleno quarto e em plano superior vi, sentindo, o jeito lindo da tua boca a domar o meu sexo hirto que teimava em penetrar-te profundamente. As duas mãos passeavam-se, arrepiando-me e os teus olhos fixavam de vez em quando os meus que sorrindo agradeciam o banho de prazer recebido. Nas cercanias, através das cortinas balouçadas pela brisa que ritmadamente acompanhavam a acção, imagens inter cortadas eram captadas por alguém solitário. E tu continuavas, fazendo-me gemer sempre que passavas os dois prometidos dedos na periferia no ânus. Temporariamente, arrancava-te de mim para te beijar, sentir o teu tesão na minha boca, chupar-te os mamilos empolgantes. Não largando o pénis, continuando com as duas mão em carícias ritmadas, brindavas a tua pele em abraço contra a minha, oferecias-me a língua para eu sugar, voltando em poucos segundos ao meu/teu manjar predilecto.
Perdi-me pouco depois, ao som das palavras tuas sussurradas! Daquelas que se dizem em loucura e que fazem jorrar esperma a rodos. Não me perguntes como foi… sei que enlouqueci nas tuas mãos, sei que a tua boca me matou por tempo que não sei contar… sei que depois te vi banhada de mim, acariciando teus seios com escorridos ainda quentes que reflectiam olhares que teimavam espiar-nos por entre as cortinas mal fechadas.