15.12.09

negro, branco


Gosto de fazer navegar os meus olhos na tua pele escura, sedosa, curvilínea em ondas do meu desejar. És tão chocolate, tão café que não me canso de cheirar. Gosto de te ver caminhar, elegante, ondulante, pisando o soalho quente que geme ao teu passar. Tens uns olhos lindos, amêndoas de árvores visitadas ainda em flor. Tens seios TIRAMISU, coroados com montinhos de canela, a enfeitar. Quando queres, deixas o teu sexo se mostrar. Sexo de chocolate quente, húmido, bom de se beber, óptimo para saciar uma vontade imensa que tenho em o beijar. Vontade de adoçar a minha língua com o teu sabor, em lambidelas fundas, enchendo a boca com lambuzar guloso, fundido, derretido, dentro de ti. Chocolate relaxante, viciante, negro como o teu corpo que derramo docemente em lençóis de seda que te arrepiam, nestas noites frias de Inverno, noites frias de passar. Assim deitada em contraste belo, adoço-te com corpo branco que te trago, que te cobre, te seduz, te prova em fragmentos de pele a brilhar. Ela chega sempre a ti devagar, só para ti, num sorriso de paladar, numa explosiva mistura de sabores que se contemplam, se provam mutuamente, se fundem em jogos de sobremesas, que saboreio sem provar. Vejo-te receber beijos brancos de açúcar que ganha ponto no calor da tua língua. Vejo lábios da mesma cor, línguas da mesma cor, tocando-se em fundos de branco e negro. Vejo jogos de damas em competição, comendo-se em jogadas de prazer, devorando-se em surpresas não pensadas. Vejo mãos brancas percorrendo a tua pele de chocolate, sugando-te a canela que não desliga dos teus seios. Crescem numa boca branca, que te devora mais e mais. O teu sexo em tons de rosa, que abres delicadamente, combinam com a língua do corpo branco que te abraça. Depois, deixas-te penetrar por alvos dedos que brincam dentro de ti em batidos de baunilha. As tuas mãos negras, esguias e lindas, cheiram a café acabado de moer e derretem em nata, a pele branca que percorres com mestria. Gosto dos teus dedos cacau afiando mamilos quase chocolate que coroam seios de claras brancas, em castelos de sonhar. O corpo branco que tocas, que mexes, que exploras sem mapa e que com olhos gulosos, desejas temperar com sorrisos de chocolates que inventas. Os seios que lambes com saliva branca de café. Sexo que beijas com sexo. Corpo branco de leite que se derrete como gelado sob calor dos teus dedos. Baunilha e chocolate, que se entrelaçam em beijos molhados e longos. Corpos sem fronteiras, sem passaportes que viajam em si, por si, dentro de si, partilhando-se em sabores, prazeres e sexo. Corpos que se dão em noites escuras de chocolate negro com branco baunilha de luar.

10.12.09

da janela


Anda, corre p'ra mim. Vem ver a neve que cai, da janela do meu quarto. O frio visto daqui, é algodão doce e branco, como a tua pele despida, que sinto quando adormeço. Vem deitar-te em lençóis frescos que estendi pensando em ti. São brancos, estão saudosos, combinam com os flocos que sorriem na vidraça, quando digo que te vi. Vem, quero os teus seios de mel, adoçando a minha cama. Quero contrastes quentes, excitantes, provocantes, quero pintar com prazeres, a alvura do meu quarto, quero que sintas na pele perfumes frios e quentes. Quero os teus olhos brilhando quando passeio por ti, mesmo que te apaixones pela neve que te vê, assim nua e tão bela, e que a faz derreter, no peitoril da janela. Chega, vem para cá, vem dar-me a tua mão, vem sentir a excitação que enche todo o meu corpo. Chega, leva-me ao céu com beijos, para depois eu cair, em flocos de prazer cobrindo duma só vez a tua pele de desejos. Faço-te Branca de Neve, encontro-te em Cinderela, que hoje disse baixinho que me quer ver com carinho, fazendo amor contigo, espreitando da janela. Abraço-te duma só vez, descobrindo os teus segredos. Prometo beijos molhados, enquanto d’ olhos fechados, adivinhas o caminho onde os deixo em sentinela. Prometo brancos prazeres, reflectidos pela lua, que tendo a neve deitada, espera a luz apagada para se deitar sobre ela. Prometo-te a harmonia tocada pelos meus dedos, que sonham brincar nas coxas que generosamente anunciam os teus lábios transbordados, abertos de par em par, para te poder amar. Deixam-me entrar em ti, e um vento com gemido, que fazes chegar a mim, balança-me, faz-me excitar, apressando espessamente, orgasmo quente e sentido, em corpo que se quer dar. Fica, deixa-te cair aqui, mesmo que não seja Inverno. Derrete-te sobre o meu corpo nas quatro estacões do ano. Inunda-me todos os dias, molha-me de chuvas de amor. Quero sentir-te escorrer, lânguida e sem pudor. Quero te ter aqui, mesmo que a neve se ausente, da janela do meu quarto embaciada pelo tempo, que distraído, perdi. Mesmo que não apareça, sorrindo envergonhada, procurando apaixonada, e perguntando por ti.

4.12.09

adormeço

foto Jason James (http://www.olhares.com/)

Adormeço. Num Inverno que tarda em chegar, numa ausência de neve que desejo ver ao acordar. Adormeço, esperando por ti. Esperando que apareças em sussurros de brisa matizada pelo mar. Pele salgada por oceano que separa corpos mas encurta vontades de tocar. É assim quando adormeço e logo vejo os teus lábios a chegar, carregados de beijos molhados que me fazem transbordar. Sinto-os sobre o meu corpo, todo, passeiam-se em liberdade consentida, condicional, por uma noite. Vêm a casa, em precária, abandonam as grades onde conspiram cada encontro, do outro lado do mar. Chegam intensamente intensos, em catadupa. Depois, as tuas mãos, chegam em timidez disfarçada, em vontade arrepiada de deslizar, por mim, por ti, por peles em sintonia, por arrepios incontrolados que nos fazem suspirar. Entregas-te, enrolas-te em mim, como ondas do mar que trazes nos teus cabelos e que acabo de cheirar. Dás-me o teu sexo a beijar, tão doce tão excitante, que quase me faz acordar. Demoro-me em carícias, procurando sinais teus que me façam aprender o teu gostar. Cada prega, cada ponto, cada sabor que libertas, decoro atentamente, guardo cuidadosamente, no meu sonho que me obrigo sempre a passar. Sinto-te em mim, colada, salgada de suor e mar, duma entrega vigorosa quando no espelho do quarto, me vi em ti, penetrar. Gemidos que tanto gosto de te ouvir sussurrar. Palavras cheias de sexo, doces, feias, ordinárias, alagadas de orgasmos, derramados sobre mim, mesmo eu estando a sonhar. Vens assim, sempre que quero, em noites desencontradas, em horas que não conheço, dos sítios onde tu moras. São os desejos que espalho em pensamentos, de dia, e que à noite quando mereço, e adormeço, trazes sorrateiramente em viagens de memória que me fazem transbordar e deixam na minha cama, teu rasto salgado a mar.