28.11.09

vieste para o chá


Vieste para o chá. Pretexto, que inventas quando estás com sede… Chegas de saia curta preta e de meias espessas que realçam curvas que quero contornar em coxas que dá vontade de beijar. Gostas de chá preto sem açúcar, fazendo com que o doce da tua pele me preencha todos os sentidos.
Os teus seios grandes fazem os meus beijos grandes, demorados, de boca cheia e língua com tempos prolongados. Demoro-me nos teus bicos, porque gosto de te ouvir gemer, baixinho. Excita-me o som que os teus lábios deixam escapar em pedaços de erotismo que se misturam com o resto de chá que não tiveste tempo de tomar. Sinto-te molhada com dois dedos que massajo no sexo e provoco-te arrepios quando os meto em ti. Gostas que te beije as mãos. Gosto quando com elas seguras os seios que me ofereces. Gosto de os ver pousados nos teus dedos lânguidos e esguios. Lambo-os, meto-os na boca para os deslizares dentro de ti. Queres que te veja, assim, a brincar, como se não estivesse. Como se não gostasse de beber chá contigo. Finges não me ver e consolas-te docemente, sem açúcar. Os chás entre nós são demorados, bebidos devagar, saboreados, bebericados entre palavras que adoçam os sentidos. Como ao chá, demoras-te a beber-me. Brincas com a língua percorrendo todos os contornos do meu sexo. Em cada encontro trazes novos movimentos que me deixam com os olhos a brilhar. Fitas-me, sorris com olhos de bem-me-quer, boca cheia do meu sexo e repleta de desejo, que escorre sem se ver. Bebes deliciada, as gotas não aguentadas, orvalhadas de chá-pretexto. Bebemo-nos à vez, e também me demoro em ti. Conheço os teus caminhos e provoco os teus sabores que me estremecem na boca, matando-me a sede, saciando-te a vontade que trouxeste. Vieste para o chá. Hoje quiseste que entrasse em ti, sem me veres, de costas, aninhada, oferecendo o teu sexo de lábios carnudos, suculentos. Hoje, pediste-me que fosse fundo, violento, penetrante. Hoje ordenaste-me que te agarrasse o cabelo apanhado e gritaste um orgasmo transbordante que ecoou nas paredes brancas do quarto e fez tilintar as chávenas encaixadas sobre a mesa-de-cabeceira. Hoje inventaste a sede que me deixa em delírio e vieste-(te) para tomar, mais uma vez, chá preto, comigo.

23.11.09

克里斯蒂娜


Os pianistas percorriam ansiosos a Academia, aguardando a performance final. Os idiomas cruzavam-se pelos corredores, em conversas nervosas de circunstância, pontualmente abraçadas pelas últimas notas que voavam de pianos encerrados em salas de ensaio. Sorria, em cumprimentos algo formais, tentando enquadrar-me num ambiente fascinante e pouco habitual. Ela tinha-me sido apresentada na véspera. 克里斯蒂娜 era a minha favorita. Era uma princesa de olhos rasgados que sorria e tocava piano. Não falava português. Tinha um inglês incompreensível mesclado com um sorriso que cobria todo o seu pequeno corpo e terminava em seus dedos esguios que sorriam sobre o piano, sempre que tocava. Ele, encantado, respondia em carícias de Chopin. A sua pele era veludo, iluminado por lua. No colo de seios pequenos, um pequeno diamante com o seu nome, 克里斯蒂娜, brilhava. Brilhava afinado com o sorriso que ela tinha. Era a minha favorita, ganhou com um concerto memorável, sorriu para mim e levou-me, envolvido em melodias sensuais e de sonho. Beijei-a de olhos bem fechados e senti-lhe a língua pequena, provocante, percorrendo-me os sentidos, enchendo-me de desejos. Senti o sorriso de 克里斯蒂娜 nos meus lábios. Senti-a de bicos de pés, pendurada em mim, como notas em última linha de pauta. 克里斯蒂娜 jogava a sua roupa negra com uma lingerie branca, de ligas e corpete. Preto e branco, como teclas que davam vontade de tocar. Em ensaios de sinfonia com vários andamentos, despiu-se para mim, em movimentos graciosos de gueixa, e brilho de princesa. Mamilos lindos, escuros. Púbis densa e negra, pele que ansiava tactear. Sentou-me no banco do piano, sentando-se sobre as teclas e ofereceu-me segredos em charadas para descobrir. Explorei fragmentos doces do seu corpo, encontrando tesouros em detonação crescente. 克里斯蒂娜 era doce, e sorria. Os seus dedos eram doces e sorriam. O seu sexo era doce e sorria quando os meus dedos contagiados por Chopin, ensaiavam uma sinfonia erótica nos seus lábios. Tocamo-nos em gemidos e 克里斯蒂娜 sentou-se em mim, encaixando-se com beijos que nos embalaram, abraçados. Fechei os olhos, voei nos seus braços e senti o coração de 克里斯蒂娜 compassando orgasmos que pousavam ao de leve nas teclas brancas do piano.

14.11.09

estreia


Preparamo-nos em intenso cerimonial erótico imaginando, imaginando, imaginando. A tua lingerie, o vestido afagando-te o corpo, as meias, os sapatos de tacões altíssimos que te colocavam nas estrelas. Cinzento, vários tons de cinzento, vestidos demoradamente, em pormenorizados movimentos que se desenhavam, pintados nos meus olhos. Uma chuva miudinha e fria cheia de silêncios, transportou-nos à estreia. A casa transpirava sexo em cores, luz, cheiros, sabores. Visitámos quartos. Imaginámos. Visitamos recantos. Imaginámos. Sentimos couros, lençóis, toalhas, imaginando. Os corpos de mulheres iam passeando por nós. Tocando-nos. Perfumando o ar que nos aquecia os sentidos. Os homens, parados, com sorrisos nervosos e disfarces nos olhares. A música dançava, dançando com mulheres de rede vestida, seios grandes, mãos que timidamente percorrem corpos, de mulheres, inundados por calores, com plantados arrepios e saborosos suores. Vimos mulheres em beijos arrebatadores, contagiantes. Vi-te desejando. Vi-te imaginando lábios despindo-te de pudores, lambendo-te sombras de vergonhas disfarçadas. Vi-te querendo uma mulher só para ti. Vi-te em danças sentindo o meu sexo desejado pousando-te nas nádegas. Senti-te os seios com os mamilos repletos de desejos. De línguas, de bocas, de dedos em percursos sinuosos. Perto, tocando-nos na pele, enfeitando o nosso olhar vimos corpos sedentos entregando-se. Predominância de corpos femininos entrelaçados salpicados por beijos de homem. Corpos nus, em ondas, iluminados por velas tremuladas, sexos latejantes. Em labirinto de corpos, percorríamos caminhos. Aprendíamos atentos, tudo, à nossa volta. Beijava-te candidamente com lábios ténues, incomensuravelmente pequenos no meio das enxurradas libertinas onde todos navegávamos. Levados por tudo, atiçados por chamas de prazer, tatuados por cenas impressas dentro de nós, entregámo-nos. Gostei da tua boca engolindo com vontade o meu pénis, enchendo-te com empenho, meu e teu. Gostei dos gemidos teus, dos sapatos de tacão não tirados, do soutien cinzento ainda colocado, da textura das tuas meias nas minhas pernas, do teu sexo rapado e desejado aceitando-me por inteiro, enchendo-se todo dos desejos que juntos recolhemos naquela noite de estreia.

6.11.09

olhos vendados


Tinha os olhos vendados e os sentidos apurados, mesmo antes de eles entrarem. Oleou a pele e perfumou o corpo com amêndoas doces. Sentiu os seios nos dedos e imaginou as mãos dos seus amantes. Tocou nos lábios que sorriam no espelho. O erotismo que extravasava tinha inundado o quarto iluminado com velas que deixavam um rasto de fumo a baunilha. Cobriu delicadamente os bocados desejados com lingerie negra, rendada com flores, que por entre as pétalas de não tecido mostravam pedaços de pele sedosa, uns mamilos adivinhando prazeres e um sexo aparado e provocante. Tinha os olhos vendados quando entraram: por pudor, por vergonha, por sedução, ou simples provocação de sentidos que ardiam ao ritmo das chamas trémulas que pareciam lamber-lhe o corpo. Afundada em almofadas, esperava o investir dos sentidos. A quatro mãos foi sendo incendiada lentamente. Diferenciou os toques, as peles, e adivinhou seus perfumes quando inundada por duas línguas que brincavam em círculos de fogo erótico em torno dos mamilos há muito excitados. Gostou das mãos a tocarem-lhe as coxas em aproximações envergonhadas. Sentiu os sexos hirtos beijando-lhe as nádegas. Em êxtase provou alternadamente sabores que a deixaram com vontades húmidas. Tinha os olhos vendados, mas desenhou de memória os contornos dos membros que a presenteavam com recordações marcadas na pele, na alma, nos sentidos. Decorou com a boca texturas, dimensões, linhas e sinais e imaginou-os preenchendo-a em movimentos sincopados e alternados. Brincava de mãos cheias, oleadas, deslizantes e beijava… muito, sugando líquidos fortuitos que em gotas se libertavam, anunciando caudais em enxurrada. De olhos vendados, deixou-se inundar até à última golfada e fazendo batota, contrariando vergonhas dissolvidas em três corpos, levantou ligeiramente a venda e contemplou os anjos que de olhos vendados se afundavam nas suas almofadas.