18.6.10

sete céus


Abriram as portas dos sete céus onde tu moras a espaços. Espreitei para te ver e com o desejo de te ter, fui entrando devagar. Com sete vestes ligeiras, tu mulher me recebeste e com beijos adocicados tu de leve me enfeitaste. Os sete céus onde moras, têm a luz dos teus olhos, cujo brilho me ficou, cintilando nos sentidos. Nos sete céus te deitaste convidando-me a remar pelas ondas do teu corpo que ali se ficou como em mar. Salguei-me na tua pele ao saborear o teu mel que encandescentemente me deste, nos lábios para provar. Fomos perdendo marés, ganhando ondas de amor, remando os corpos perdidos com golpes de vento forte. Fomos contando as estrelas que povoam sete céus enquanto te abrigas das chuvas que dos meus desejos caem. Acariciei-te os seios que ao ouvido me falam em prazeres do paraíso. Tentaram-me com um sorriso e ordenaram que me mexesse, que prolongasse carícias por debaixo das sete vestes. Assim fiz, e eram sete, como os céus que nos espiam. Eram sete, eu as contei, como os céus que nos inspiram. Foram sete os tempos gastos em brincadeiras de sexo. Em gestos acidentados com propósitos contidos. As bocas, que eram duas, encheram-se de muitos beijos que desceram devagar pelos corpos já despidos. As bocas que eram duas, encheram-se de coisas boas prometendo mais visitas ao coração dos desejos. Depois os sete céus disseram já com o luar a findar, que o tempo se esgotara, que se queriam deitar. Pediram que apagasse, a luz do nosso amar e adormecemos cansados, abraçados, a sonhar. Debaixo de sete céus que se abriram para entrar, senti por inteiro o teu corpo e sabores do teu beijar.

6.6.10

segredos


Chegaste para contar segredos. Chegaste meio a medo, meio em ousadias de corpo em desejo e com um sorriso nas palavras que dizias. Soltas, inconclusivas, ligeiramente nervosas, como os dedos que se inquietavam nas tuas mãos esbeltas e deixavam rastos ansiosos nos movimentos que desenhavam no ar. Foste espalhando pelo quarto, conversas de passar tempo e ao dar-te um beijo nos lábios, senti-o subir aos teus olhos que brilharam como estrelas a fingir. Fui-te chovendo beijos na face, recebendo em troca os teus lábios molhados que se colavam aos meus. Percorri as linhas do teu corpo sobe o tecido que te cobria a pele. Procurei teus segredos, escondidos nos dobrares das esquinas dos teus braços, nos intervalos dos teus dedos, nos labirintos dos teus cabelos que teimavam em nos incomodar, aparecendo pousado em fios, entre as bocas que meigamente se comiam. Fui-te despindo aos pedaços, descobrindo os teus sinais, deixando a luz escassa do quarto tremelicar-te na pele. Foi ela que primeiro te beijou os seios, e tu deixaste. Foi ela que primeiro te lambeu as partes que tu deixavas, e, em segredos, murmuravas os prazeres primeiros que te invadiam como piratas em abordagens de mar alto. Segui-a, em mornos beijos de língua que te deixavam gata rebelde e em mim, marcas de unhas, em desenhos emaranhados. Perdias-te aos poucos e mordias numa inconsciência drogada pela excitação que te inundava por dentro. Semi-nua, foste-te entregando em abraços, beijos e segredos. Foste-te deixando conquistar em rendições tão gostosas. foste-te deixando escorrer por entre horas que derretemos em lençóis agitados pelos corpos com movimentos ondulantes. Deixaste-te assim morrer em orgasmos não despidos, por entre segredos que me disseste ao ouvido.