19.9.10

dedos-boca-boca-dedos sexo


Era assim, vinhas e perdias-te comigo. Descobrias o teu corpo em passagens pelo meu e acordavas aos bocadinhos a minha pele adormecida. Passávamos horas assim, em prazeres entornados pela cama, pela casa, pelo chão. Dedos-boca-boca-dedos sexo. Gostava de te percorrer devagar até os teus gritos de estenderem pelo quarto. Dedos-boca-boca-dedos sexo. Desfolhava-te em pétalas de carícias, absorvendo perfumes que me davas. Tocava-te deliciado, descobrindo cada cm dos teus lábios. Separava-os para o beijar, descobrindo o teu clítoris sorrindo para mim, húmido, excitado, dilatado de prazeres. Dedos-boca-boca-dedos sexo. Era assim, como se cada uma das vezes fosse a última. Como se a morte ou outra sorte, nos espreitasse pela janela e que, por vingança dos prazeres que tínhamos, nos esperasse na primeira esquina duma vida que queríamos longa com dedos-boca-boca-dedos sexo. Eras a menina-mulher que me vinha aconchegar o corpo, a alma e deixavas os meus olhos a brilhar. Tinhas um segredo lindo que me contaste nua com singeleza de palavras e gestos de mel. Guardávamos o teu segredo, em segredo, e com toques subtis prolongava-o, deixava-o escondido, incólume, intacto, respeitosamente guardado para o dia que o entendesses deixar morrer. Para aquele dia que entendesses entregar-te, mulher, talvez com maior prazer do que aquele que com dedos-boca-boca-dedos sexo, íamos partilhando pela cama, pela casa, pelo chão.

4.9.10

de surpresa!


Apetecia-me que aparecesses como de costume: de surpresa! Que trouxesses o teu perfume que cheiro de cor com todos os meus sentidos, o teu sorriso competindo com a luz do quarto, as tuas mãos que me enchem de gemidos… ahhh e a tua boca… sabes a tua boca deixa-me perdido. A tua boca tem desenhos de mulher nua, sabores de frutos vermelhos e desejos que te escorrem na saliva que eu provo. Os beijos da tua boca são eternos. Existem ainda em mim desde ontem, quando apareceste, como de costume: de surpresa! A tua boca entretém-se em mim, em brincadeiras prolongadas que me arrepiam. Lembro-me das histórias que ela conta, com a língua, ao meu ouvido. Lembro-me dos lábios da tua boca procurando os segredos do meu corpo e encontrando perdições minhas, de surpresa! Fecho os olhos, e deixo-te livre, deixando-me rastos e rastos e rastos de saliva morna na pele. Tento adivinhar os teus caminhos, tento influenciar os teus destinos, com a minha mão dada na tua. Aperto os teus dedos com força, sinalizando desejos que entendes. Intercalas beijos, dedos e língua, em mistura explosiva que detona os meus sentidos. Saboreias-me, de surpresa em surpresa e ficas por ali, em tangos dançados onde a tua língua se abraça no meu sexo. Como de costume, de surpresa!