
Era assim, vinhas e perdias-te comigo. Descobrias o teu corpo em passagens pelo meu e acordavas aos bocadinhos a minha pele adormecida. Passávamos horas assim, em prazeres entornados pela cama, pela casa, pelo chão. Dedos-boca-boca-dedos sexo. Gostava de te percorrer devagar até os teus gritos de estenderem pelo quarto. Dedos-boca-boca-dedos sexo. Desfolhava-te em pétalas de carícias, absorvendo perfumes que me davas. Tocava-te deliciado, descobrindo cada cm dos teus lábios. Separava-os para o beijar, descobrindo o teu clítoris sorrindo para mim, húmido, excitado, dilatado de prazeres. Dedos-boca-boca-dedos sexo. Era assim, como se cada uma das vezes fosse a última. Como se a morte ou outra sorte, nos espreitasse pela janela e que, por vingança dos prazeres que tínhamos, nos esperasse na primeira esquina duma vida que queríamos longa com dedos-boca-boca-dedos sexo. Eras a menina-mulher que me vinha aconchegar o corpo, a alma e deixavas os meus olhos a brilhar. Tinhas um segredo lindo que me contaste nua com singeleza de palavras e gestos de mel. Guardávamos o teu segredo, em segredo, e com toques subtis prolongava-o, deixava-o escondido, incólume, intacto, respeitosamente guardado para o dia que o entendesses deixar morrer. Para aquele dia que entendesses entregar-te, mulher, talvez com maior prazer do que aquele que com dedos-boca-boca-dedos sexo, íamos partilhando pela cama, pela casa, pelo chão.