28.5.11
propositadamente...
5.5.11
Cerejas...

Apetece-me cerejas, porque estamos em Maio. E em Maio lembro-me de ti. Apetece-me cerejas, vermelhas, como os teus lábios, vermelhos, pintados em Maio para me acender. Doces, ao beijo, ao mordiscar, vermelhas, quentes, apanhadas, roubadas ao fim da tarde, quando o sol em fogo, vem nos nossos corpos entardecer. E comer, pegando pelo pé, passando a língua devagar e sentir a carne branca a abrir-se, com suores e sumo a escorrer-me na boca, como tu me escorres quando, como cereja, te encho do meu beijar. Ao entardecer, dispo-te dos vermelhos que te cobrem, os transparentes das roupas que me provocam, e encho-te de cerejas. Cerejas, vermelhos opacos que te enfeitam a pele branca em contrastes de desejo. Devoro docemente as cerejas que te cobrem, arrasto-as com dois dedos desenhando trajectos eróticos na tua pele e sustenho-me nos declives dos teus seios. Faço-as escorregar por eles e apanho-as na boca, sentindo todos os arrepios que te enchem de marés-altas e vontades de navegar pelo mar agitado do meu corpo. Gostas quando propositadamente baralho as cerejas com os teus mamilos endurecidos e provo-os à vez enquanto gemes. Como gosto dos teus gemidos! Excitam-me e fazem-me procurar os frutos pequenos que, antes de mim, chegaram ao teu sexo e adormeceram com os beijos que lhe deram. Vou, e acordo-as, às cerejas, fazendo-as bailar nos lábios que molhados recebem também os meus dedos. Uma a uma, como-as, às cerejas. Um a um, invado-te, com os dedos. Recolho sabores que provamos com beijos, com jeitos, com artes, com sexo. Os sabores mesclados que nos alvoroçam. Os sexos desejosos de se terem. Em exaustão, em excitação, em ondulação, até à explosão. Em Maio, é assim, por tradição. Roubo cerejas ao entardecer e saboreamo-las juntos, espalhadas por teu corpo. Cerejas, porque estamos em Maio