Stefania vivia em sonhos meus. Vivia em Veneza também. Morena, olhos verdes e personalidade construída em histórias de sedução. Stefania era também “carnevale” prometido, de Veneza… Solene, erótico, máscaras, vestidos longos e folhos, brilhos, dourados, brancos sedutores… Brancos em máscaras com lábios vermelhos desenhados, e linhas negras que demarcam os olhos rasgando-os em provocação para nós. Depois, as plumas em enfeites de cabeças e tecidos que nos tocam quando os vemos. Sedas, linhos, rendas, que cheiram. Perfumes que experimentamos com os dedos e sentimos na excitação da alma e no bater acelerado do coração. Stefania caminhava em passos de princesa, com ruídos de tecidos que acompanham em imperceptíveis aplausos. A máscara branca cobria-lhe a face, mas duas pintas douradas simulando sinais preciosos, desenhados em gota sob os olhos, deixavam um contraste triste nos olhos realçados com linhas grossas e negras. Recebeu-me assim em “carnevale”. Algumas pérolas distribuídas por tecidos que lhe cobriam a cabeça, enfiadas em arames finos e dourados, lembram gotas de orvalho em movimentos de chuva miudinha. Imagino o corpo de Stefania, sob cetins de muitos verdes em longos deleites e folhos. Cornucópias douradas espalham-se em rodopio no vestido, deixando à roda meus sentidos. Num carrossel de desejos, senti a sua mão coberta por terno rendilhado tocar-me a face, e ouvi o meu nome sussurrado por detrás da máscara, em desejo. Alinhei o meu passo pelo dela e caminhei assim desejando-a. Um leque em brisa e uma rosa vermelha eram de Stefania, pertenciam à sua beleza como acessórios do corpo que queria, naquele “carnevale”. Queria e tive-a em quarto de cama com docel, onde Stefania me deitou. Assim estendido, com olhares filtrados por “toule”, vi-a em lento despir com máscara sem tirar. Olhos verdes rasgados por desenhos traçados com linhas negras e duas lágrimas douradas que lhe decoravam em toque triste, a face que eu sabia bela. O rendilhado negro das luvas prolongava-se por meias e lingerie. Mesma textura, mesmo cheiro, mesmo desenho que excita. Mesma cor nos cabelos agora soltos, perfumados, longos, cobrindo as costas morenas, em “carnevale”. Cornucópias douradas tatuadas em ombros e tornozelos que me surpreendem em rodopio, tomam vida quando caminhas para mim. Mascarada, agarras o meu corpo e prendes os meus sentidos. Todos os cinco, cuidadamente acordados por ti. O paladar dos teus seios, o perfume dos cabelos, o deslizar da tua pele untada de óleo de amêndoa, os teus olhos brilhando em verde e a tua voz gemendo em prazeres por detrás da máscara que não tiras. E assim, em “carnevale”, possuímo-nos em cortejo demorado onde os figurantes fomos nós. Espalhamos confetis em chuvas de orgasmos e atiramos serpentinas de desejos consumados, que se juntam em cornucópias à mascara que descansa, libertando o brilho verde dos teus olhos.
"carnevale" de desejos...com duas lágrimas douradas que lhe decoravam em toque triste...acordaram todos os cinco sentidos.
ResponderEliminarCheiros,paladar, sedas, lingerie, perfume,óleo, serpentinas, chuva de orgasmos, que deixam a máscara sozinha , abandonada...pelo prazer dos olhos verdes com duas lágrimas douradas num "carnevale"de desejos.
Esse Carnaval é realmente inesquecível. Parabéns...
ResponderEliminarGostei! Parabéns continua
ResponderEliminarSe há algo que me excita é o Carnaval de Veneza!
ResponderEliminarBoas fodas