Quando te quero ter, abro a janela e deixo que a brisa, agora com cheiros de Verão, se instale no meu quarto. Entra, e traz-te nos braços. Ajuda-te a despir dos calores que te apoquentam, e sopra-te no cabelo, brincando com os caracóis que se desfazem nos seus próprios labirintos. Quando te quero ter, a brisa adivinha e vai ligeira buscar-te. Hoje assim foi. Quando chegou, deitou-te no chão, suada, e pôs-te a sorrir para mim. Notei-te a pele queimada, molhada, desenhando em suor o teu corpo no soalho. Percebi o teu perfume a violetas e as mãos ansiosas por tocar. Vi-te os lábios com sabores e os pés lindos, atiçando meus sentidos. Quando te quero ter, é assim, abro a janela, tu vens devagarinho, e no chão, com a madeira da cor da tua pele queimada, eu te possuo. Percorro-te os dedos um a um, com a língua. Todos. Vinte. Conto-os com os suspiros que dás e te provo, completa, com lambidelas, apanhando o sal molhado que trazes no teu corpo. Sal de pele, sal de mar, sal de sexo que eu bebo em prolongados tempos de Verão, Quando o sol e a lua co-habitam em noites sem escurecer. Cubro-te de beijos. Cubro-te de dedos. Cubro-te de amor feito em suores que se misturam. Apanho-te saliva, com a minha na tua boca, escorrego por ti, em ti, e colho os orgasmos que me ofereces em catadupa. Guardo-os com os gemidos que libertas e enfeito-os com os sorrisos que me atiras dos teus olhos. Fico assim em contemplares sem fim, sentindo o teu sexo respirando em mim, brincando com ele, desenhando de olhos fechados, de cor, teus lábios que tanto gosto. Deixo-te assim a morrer de prazeres diversos, deixo-te assim sem forças, deixo-te assim em água de sexo e boca que inundam o soalho, cor de pele morena, que trazes de tão longe. Quando te quero ter, quando te quero ver, quando te quero beber, abro simplesmente a janela e deixo a brisa aparecer…