Um encontro fortuito de olhares, uma troca de um sorriso, um avião quase vazio, fizeram-me conhecer Natasha. Natasha e Aliona viajavam num voo quase vazio, como eu. Vazio era o voo, vazio era o estado que me enchia a alma e me fazia a pele sedenta de um beijo. Natasha e Aliona entretinham-se com sorrisos quentes e dedos bonitos, entrelaçados. Dedos que se separavam de quando em vez para um carinho, um toque de cabelo, uma festa na face, um escorregar destemido debaixo de uma saia curta, que me provocava. Fila 25, assento A, era o lugar onde distraidamente me sentava, num voo quase vazio, lugar com vista para o sonho. Lugar que permitia, por um espaço estreito, entre bancos, ver Natasha, ver Aliona, lugares B e C, fila 24, sabendo que elas também me viam. Ali estavam aninhadas uma na outra, trocando desejos, enchendo vazios de um voo quase vazio, aquecendo os corpos, por fora e por dentro. Deitada sobre o colo de Natasha, Aliona deixava-se acender, por mãos que decididamente caminhavam sob a blusa com linhas de primavera. Mãos de fogo, mãos de mel que conhecendo caminhos, sabiam de cor seus destinos. Um respirar mais intenso, um passar de língua sob os lábios, sinalizam a chegada e anunciam dedos beliscando mamilos hirtos que sobressaem no tecido amarrotado, com linhas interrompidas de primavera. Mãos sábias e famintas contornam seios cheios, colhendo flores em molhos de arrepios. Sorriem, provocam, brincam com os meus sentidos, e em pequenos segundos suspensos em minutos infinitos, oferecem ao meu olhar, fragmentos dos seus corpos bem cuidados, brancos, de pele sedosa, ardentes (por certo) ao tocar. Num momento de mais ousadia, adivinhei os dedos esguios de Natasha afagando docemente a doce vulva de Aliona. Vi-as provar sabores escorrentes em dedos longos, entrelaçados, molhados, que partilhavam em fogosas danças de línguas salivantes. Por entre bancos, Natasha estende-me uma mão, sorrindo. Provo seus dedos, beijo-os um a um, e sinto nos lábios orgasmos como se fossem meus. Por entre bancos, naquele voo quase vazio, sorriem, provocam, brincam com meus sentidos, entregam-se uma à outra, entrelaçam-se e fazem-me aterrar com um épico estremecer, num aeroporto qualquer.
Um vôo quase vazio e cheio de sentindos; sensações provocadoras e quentes; olhares gulosos; toques que chegam, em extâse, naquele vôo quase vazio, ao aeroporto dos orgamos primaveris...
ResponderEliminarUm voo privado delicioso...
ResponderEliminarplanar em sensações
ResponderEliminarMuito bom tudo aqui.
Maurizio