9.6.11

pijama aos quadrados


Um calor abrasador tinha invadido a cidade. O ar abafado, fazia adivinhar tempestade e o sol mantivera-se oculto durante todo o dia. Já estavas em casa quando cheguei. Linda, cabelos ainda molhados e vestindo o meu pijama aos quadrados que, em ti, ficando larguíssimo, despertava-me de imediato uma vontade imensa de explorar o teu corpo suave e belo. Lá fora umas gotas grossas começavam a cair nos passeios, libertando odores de verão, mescla de cheiros de terra quente e chuva. Os teus beijos, ao chegar, muitos, pequeninos, doces, e com um roçar de lábios que só tu sabes fazer, excitaram-me… os teus beijos e o meu pijama aos quadrados, desenhando nos meus olhos os desejos de ti.Depois de um banho retemperador, sentei-me junto à janela a contemplar a tempestade que se aproximava, enquanto a noite ia caindo lentamente. A escuridão invadia aos poucos a casa, e a janela entreaberta, continuava a possibilitar a passagem do cheiro da tormenta. Enroscaste-te no meu colo e beijámo-nos lentamente, trocando pequenas carícias. Beijos, muitos, pequeninos, doces, e com um roçar de lábios que só tu sabes fazer. Os teus beijos, molhados num cálice de Porto que nos fazia companhia…O primeiro botão do meu pijama aos quadrados em ti, desapertado e os teus seios espreitando a tormenta que se avizinhava. As nossas mãos entrelaçadas e húmidas, apertam-se com força quando os primeiros relâmpagos iluminam o céu. Acomodas-te para ver a tempestade. Encostas as tuas costas ao meu peito, sinto o perfume do teu cabelo, e os teus ombros libertam-se aos poucos do meu pijama aos quadrados. Vou revendo com beijos a tua pele iluminada intermitentemente pela luz que atravessa a janela e o meu sexo tenta adivinhar mais uma vez a textura das tuas nádegas. Aos poucos o teu corpo vai-se escapando da prisão do meu pijama aos quadrados, deixando as grades de tecido a morrerem pelo chão. Uma excitação crescente acompanha o crescer da tempestade… Chuva violenta, relâmpagos e trovões instalam-se definitivamente na cidade, proporcionando um espectáculo ímpar e grandioso. As minhas mãos, aos poucos e poucos vão percorrendo o teu tronco, descendo até às tuas coxas, trazendo a ti uma tempestade que tanto gosto de apanhar. Sentindo-a a chegar, apoias os pés descalços na cadeira da frente e abres as pernas ligeiramente, como que a indicar o que devo fazer. Viras um pouco a cabeça, e beijas-me ardentemente, fazendo-me sentir a tua língua com intensidade. Beijos, muitos, pequeninos, doces, e com um roçar de lábios que só tu sabes fazer. O teu sabor, o Porto, o cheiro da chuva, o som da trovoada, despertam todos os meus sentidos. Faço por sentir todo os contornos do teu corpo e espalho a tua excitação pelos meus dedos. Espreguiças-te, abres um pouco mais as pernas e vai crescendo em ti uma vontade enorme de explodir. Compassadamente suspiras, beijando-me. De vez em quando, uma luz celestial inunda a tua face, revelando aquela tua beleza que te invade ao aproximar do orgasmo. Uma torrente de água jorra do telhado produzindo um som violento que abafa os teus gritos de prazer. Resta o movimento sincopado e belo das contracções do teu corpo, indicando o auge da tempestade. Quietos, abraçados, de mão dada, assim ficamos a saborear a tormenta enquanto o meu pijama aos quadrados jaz assassinado por desejos que nunca se deixam morrer.

28.5.11

propositadamente...

Estendi o lençol de latex negro na cama e com um movimento propositadamente lento, fiz-te sentir vagarosamente na pele a sua textura fria e brilhante. De olhos fechados foste invadida por imagens que construías através das sensações que iam tomando conta de ti, em conquistas propositadamente lentas, cada vez mais reais, cada vez mais certas. Alvos concêntricos de prazer, vou visualizando, espalhados por teu corpo. Seios pequenos e rijos são doces destinos meus, e com a língua, em movimentos propositadamente lentos, vou deixando em ti, adivinhas que tentas decifrar. De olhos propositadamente fechados, refinas demoradamente os sentidos, descobres devagar cheiros de cera que não vês. São dez. Dez velas que não divisas, rodeando a alvura do teu corpo num contraste propositadamente destacado pelo negro que brilha ondulando em espumas de luz na cama onde te adoro. Escorridos de luz, ainda fervente, tocam-te ao de leve na pele, incendiando-te o sangue de desejos. Aos poucos adivinhas a história, e com beijos vou alimentando as páginas que folheias mentalmente, de olhos propositadamente fechados. Beijei-te com pingas de cera quente que te arrepiam a pele e te enfeitam com estrelas que morrem aos bocadinhos nos teus seios, em órbita do teu umbigo, pertinho do teu sexo que propositadamente se tinha alindado para as receber. Desististe de abrir os olhos e propositadamente deixaste-te derreter abraçada a mim. Assim não viste como ficaste linda, com asteriscos de cera iluminados pelos restos de luz que ainda resistiam no mar negro daquela noite.

5.5.11

Cerejas...


Apetece-me cerejas, porque estamos em Maio. E em Maio lembro-me de ti. Apetece-me cerejas, vermelhas, como os teus lábios, vermelhos, pintados em Maio para me acender. Doces, ao beijo, ao mordiscar, vermelhas, quentes, apanhadas, roubadas ao fim da tarde, quando o sol em fogo, vem nos nossos corpos entardecer. E comer, pegando pelo pé, passando a língua devagar e sentir a carne branca a abrir-se, com suores e sumo a escorrer-me na boca, como tu me escorres quando, como cereja, te encho do meu beijar. Ao entardecer, dispo-te dos vermelhos que te cobrem, os transparentes das roupas que me provocam, e encho-te de cerejas. Cerejas, vermelhos opacos que te enfeitam a pele branca em contrastes de desejo. Devoro docemente as cerejas que te cobrem, arrasto-as com dois dedos desenhando trajectos eróticos na tua pele e sustenho-me nos declives dos teus seios. Faço-as escorregar por eles e apanho-as na boca, sentindo todos os arrepios que te enchem de marés-altas e vontades de navegar pelo mar agitado do meu corpo. Gostas quando propositadamente baralho as cerejas com os teus mamilos endurecidos e provo-os à vez enquanto gemes. Como gosto dos teus gemidos! Excitam-me e fazem-me procurar os frutos pequenos que, antes de mim, chegaram ao teu sexo e adormeceram com os beijos que lhe deram. Vou, e acordo-as, às cerejas, fazendo-as bailar nos lábios que molhados recebem também os meus dedos. Uma a uma, como-as, às cerejas. Um a um, invado-te, com os dedos. Recolho sabores que provamos com beijos, com jeitos, com artes, com sexo. Os sabores mesclados que nos alvoroçam. Os sexos desejosos de se terem. Em exaustão, em excitação, em ondulação, até à explosão. Em Maio, é assim, por tradição. Roubo cerejas ao entardecer e saboreamo-las juntos, espalhadas por teu corpo. Cerejas, porque estamos em Maio